Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

PLASMAFÉRESE TERAPÊUTICA COMO ALTERNATIVA NO TRATAMENTO DA SÍNDROME DA INFUSÃO DO PROPOFOL: RELATO DE CASO

  • CS Aurabi,
  • A Kowes,
  • LH Dulley,
  • RC Lima,
  • RC Alves,
  • MCA Olivato,
  • CS Georg,
  • VF Dutra,
  • CH Godinho,
  • DE Fujimoto

Journal volume & issue
Vol. 43
pp. S311 – S312

Abstract

Read online

Introdução: O propofol é um medicamento muito usado para sedação, bem como indução e manutenção de anestesia geral, e tem vantagens como o rápido início de ação e a curta duração. A síndrome da infusão do propofol (SIP) é uma condição rara e potencialmente fatal que pode ocorrer após infusões prolongadas e em altas doses, e é caracterizada por acidose láctica, instabilidade hemodinâmica, rabdomiólise, hipertrigliceridemia, falência renal, hipercalemia e alterações eletrocardiográficas. Não há tratamento específico, o manejo consiste na suspensão da droga e no controle das disfunções apresentadas. Plasmaférese, hemodiálise e oxigenação por membrana extracorporea são opções que podem ser benéficas. A plasmaférese consiste na separação do sangue entre plasma e elementos celulares, e no procedimento ocorre a retirada do plasma do paciente, que é substituído por um fluido de reposição. Relato de caso: JRMS, masculino, 31 anos, sem comorbidades, vítima de politrauma por atropelamento. Na admissão necessitou de intubação orotraqueal e foi iniciada sedação com propofol em infusão contínua. Na admissão apresentava função renal e eletrólitos normais e creatinofosfoquinase (CPK) 3041 U/L. Ao longo dos dias evoluiu com instabilidade hemodinâmica com necessidade de droga vasoativa, além de lesão renal aguda com oligoanuria, elevação de escorias e hipercalemia refratária, sendo indicada hemodiálise no 10°dia. Além disso, evoluiu com acidose metabólica, hipertrigliceridemia (684 mg/dL) e rabdomiólise, com elevação progressiva de CPK, sendo levantada hipótese diagnóstica de SIP. Medicação foi suspensa e, devido a refratariedade das medidas clínicas insituídas e da terapia dialítica, foi solicitada avaliação da equipe de hemoterapia para associação de plasmaférese terapêutica. No 16° dia paciente atingiu CKP 41129 U/L e no 17°dia foi realizada primeira sessão de plasmaférese, com paciente ainda sob ventilação mecânica e em uso de noradrenalina, sendo realizada troca de uma volemia plasmática e usando albumina como fluido de reposição. No dia seguinte houve redução de CPK para 2458 U/L. No 19° dia foi submetido a nova sessão de plasmaferese. Evoluiu com queda progressiva de CPK, até normalização no 25° dia, além de redução da hipertrigliceridemia e retorno da estabilidade hemodinâmica. No 31° dia foi retirada ventilação mecânica. Após resolução do quadro, paciente apresentou outras intercorrências e recebeu alta hospitalar no 96°dia. Discussão: Foi apresentado caso com forte suspeita de SIP submetido a plasmaférese como alternativa terapêutica, uma opção pouco descrita para esse diagnóstico. Ainda não existe terapia específica para a SIP, além da suspensão da droga. Foi encontrado relato de caso na literatura que mostrou benefício com a plasmaférese e existe evidência grau 2C para indicação de plasmaférese em casos de hipertrigliceridemia e de intoxicação por drogas. No caso relatado a intervenção foi associada a melhora da condição clínica e dos parâmetros laboratoriais, resultando em reversão do quadro.