Arquivos de Zoologia (Aug 2018)
Sobre os nomes populares conferidos às espécies sul-americanas de Tapirus (Mammalia, Perissodactyla, Tapiridae)
Abstract
Muitos nomes foram aplicados às espécies sul-americanas de Tapirus: acuraua, acuré, açurê, amta, ánta, antá, anta-batupeva, anta-batuvira, anta-caá-pororoca, anta-chure, anta-churé, anta-cinzenta, anta-commum, antacuré, anta-das-ordinarias, anta-do-matto, anta-gameleira, anta-gamelleira, anta-grande, anta-mirim, anta-nambi-tinga, anta-negra, anta-pequena, anta-pororoca, anta-preta, anta-rosia, anta-rosilha, anta-sapateira, anta-sapatera, anta-verdadeira, antaxuré, anta-xuré, anta-xurê, ante, antes, apiroupsou, apyropsou, assobio, batovi, batuvi, batuvira, boi-sylvestre, boy-do-matto, boy-silvestre, caapoára, caápoára, caâpoára, caapora, caapóra, caá-pora, çaba-tyra, cambassica, capoava, capororoca, cauara-tapyira, curé, dant, danta, dante, ent, grã-besta, grambesta, grande-besta, grão-besta, icuré, icurê, içuré, icurí, icútê, iguré, ituré, kaiwara, mbore, mborebi, mborebí, mbórebi, mborepi, mborevi, mboreví, mboreví-hovíh, mboreví-jovî, morebí, öaçurê, paraná-tapi’ira, pororoca, sapateira, taparuçu, taperuçu, taperuçú, tapie, tapié, tapiera, tapiéra-caiuara, tapierete, tapiereté, tapihire, tapihiri, tapii, tapií, tapiì, tapiî, tapîi, tapi’i, tapi’í, tapí’í, tapiiára, tapiierete, tapiiereté, tapiieretê, tapiier-eté, tapi-iete, tapiir, tapiira, tapiíra, tapiïra, tapiìra, tapîíra, tapi’ira, tapii-r-a, tapiira-caapoara, tapïíra-cäápora, tapiira-caiuára, tapiira-caiwara, tapiira-ete, tapi’ira-ka’apura, tapiirete, tapiireté, tapiirété, tapiiretê, tapiire’te, tapiiruçu, tapiirussu, tapi’irusu, tapi’í-rusú, tapijerete, tapïjra, tapijrete, tapikira, tapikra, tapir, tapira, tapïra, tapĩra, tapira-caaiúra, tapira-caapora, tapira-caapóra, tapiraçu, tapira-etê, tapir-americano, tapirapoã, tapira-sobaiguara, tapirassou, tapirassu, tapirassú, tapiratí, tapira-uborim, tapirete, tapireté, tapiretê, tapiretê, tapirêtê, tapí-reté, tapirierete, tapiro, tapirosú, tapirousou, tapiroussu, tapiroussú, tapirovssov, tapiruçu, tapiruçú, tapirussú, tapiruzú, tapiryra-caapóra, tapir-xuré, tapiy, tapiye-ete, tapiyr, tapiyra, tapiýra, tapiyra-caapora, tapiŷra-caapóra, tapiyra-cauara, tapiyra-ete, tapiyre-ete, tapiyre-été, tapiyré-été, tapiyreté, tappire, tapura, tapüra, tapyi, tapyira, tapyîra, tapyira-caapoara, tapyîra-caápoára, tapyira-caapora, tapyirá-caapóra, tapyíra-caapóra, tapyira-cäá-pora, tapyira-cäó-pora, tapyira-eté, tapyíra-eté, tapyire-eté, tapyr, tapyra, tapy’ra, tapyra-assu, tapyra-caapora, tapy’ra-caapóra, tapyra-caiuara, tapyra-caiura, tapyra-capora, tapyra-sabetyra, tapy’ra-oçu, tapyra-sabetyra, tapyre-eté, tapyrete, tapyreté, tapyretê, tapyyre-été, topiraffore, uaca-do-mato, vaca-do-mato, xuré, xurê. Certos antílopes norte-africanos foram chamados oryx por autores gregos e romanos. Os autores árabes conheciam-nos como Lamt (ou lamta, elamt, lant, dant) e usavam sua pele na confecção de escudos (daraqqa-lamṭiyya). Com a invasão muçulmana da Península Ibérica, daraqqa-lamṭiyya tranformou-se em adarga-danta e sob esta forma foi citada por numerosos autores espanhóis e portugueses. Consequentemente, os Oryx africanos foram chamados anta por Gomes Eanes de Zurara (1453) e danta por um autor anônimo (MS Valentim Fernandes, 1507) e Duarte Lopes (in Pigafetta & Lopes, 1589). Antonio Pigafetta (in Anôn., ca. 1526) referiu-se, sob o nome anta, ao estranho animal que os índios de língua Tupi do Brasil denominavam tapir. Tapir e anta (com muitas variantes e com a adição de vários qualificativos) foram usados por autores subsequentes. Finalmente, no Brasil, o uso impróprio de anta para designar as espécies de Tapirus suplantou a de tapir. Uma confusão adicional foi acrescentada por alguns autores, que confundiram as antas sul-americanas com o alce do Velho Mundo, chamando as primeiras de grã-bestas (e variantes).