Manuscrítica (Jul 2022)
Ressonâncias da crítica literária na segunda edição de “Amar, verbo intransitivo”, de Mário de Andrade
Abstract
Mário de Andrade foi um dos expoentes do Modernismo Brasileiro, atuando não apenas como escritor literário, mas como teórico e pesquisador. Foi um estudioso do folclore, da cultura e da língua brasileiras, e, compreendendo a importância da pesquisa, legou um precioso acervo para o público (atualmente pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros – USP), com mais de 30 mil arquivos e 17 mil volumes (GRILLO, 2010, p. 13). Parte constituinte desse material, suas missivas, bem como artigos de críticos literários, são analisadas como elementos significativos para a compreensão do processo criativo e de composição das duas edições da obra Amar, verbo intransitivo (1927/ 1944). A partir da recepção da primeira edição pela crítica literária da época, bem como das respostas encaminhadas por Mário através de cartas endereçadas aos próprios críticos e a amigos, concluímos que as mudanças efetuadas entre as edições se deram, especialmente, em resposta a dois artigos principais, de Prudente de Moraes, neto (s.d), e de Tristão de Athayde (1927). Como resultado, houve uma diminuição das digressões e interferências do autor, dos elementos psicanalíticos e naturalistas e um encobrimento maior em relação à sexualidade latente na obra.