Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

LINFOMA LINFOBLÁSTICO T GRAU IV, EMIGRAÇÃO COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA

  • EW Silva,
  • L Dossin,
  • MFL Pezzi,
  • AH Schuck,
  • TS Hahn,
  • BK Losch,
  • LV Calderan,
  • LM Lorenzini,
  • A Kittel,
  • ACF Segatto,
  • KCN Corbellini

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S384 – S385

Abstract

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Introdução: O linfoma linfoblástico de células T (LLB T) é o segundo linfoma mais comum na população pediátrica e, como toda neoplasia, precisa de acompanhamento frequente e multidisciplinar, visto que as terapêuticas apresentam riscos à saúde do paciente. Desse modo, deve-se optar por protocolos com maior índice de resolutividade e menores efeitos colaterais. Essas medidas podem ser consideradas utópicas em localidades em que não haja um sistema de saúde que comporte tamanha complexidade. Objetivo: Relatar o caso de um paciente pediátrico com LLB T e acometimento medular que imigrou ao Brasil para complementação terapêutica. Relato de caso: Menino, 11 anos, previamente hígido com diagnóstico de LLB T com acometimento medular, na Venezuela, em janeiro de 2023. Realizou indução conforme protocolo BFM 95. Nesta fase, conforme relatórios do país de origem, teve diversas complicações, como trombose venosa profunda, neutropenia febril e diagnóstico presuntivo de lesão aguda pulmonar relacionada à transfusão (TRALI). O paciente deveria ter iniciado a fase de consolidação, porém, devido à falta de condições para continuidade do tratamento quimioterápico no hospital de origem e transplante caso houvesse recidiva, a família optou pela emigração. Chegaram ao Brasil buscando atendimento em hospital terciário via emergência. Neste momento, foi realizado novo estudo radiográfico assim como avaliação medular e liquórica, havendo apenas linfonodomegalia cervical. Assim, iniciou consolidação conforme protocolo BFM 2009. Durante o bloco HR2, o paciente buscou atendimento devido confusão mental, episódio convulsivo e febre, sendo realizado TC de crânio, o que evidenciou trombose venosa com transformação hemorrágica intraparenquimatosa, evoluindo positivamente sem déficits neuromotores aparentes. Discussão: A apresentação clínica dos pacientes com LLB é caracterizada por linfadenopatia cervical e/ou massa mediastinal volumosa. Mais de 80% dos pacientes se apresentam clinicamente com a doença em estágio III ou IV e quase 50% apresentam sintomas B. Embora a MO frequentemente não esteja envolvida na apresentação, aproximadamente 60% dos pacientes desenvolvem uma fase leucêmica subsequente indistinguível da leucemia linfocítica aguda de células T. No que se refere às questões migratórias, não há regulamento que trate especificamente sobre atendimento de estrangeiros pelo SUS, a não ser por acordos feitos entre os países, que em muitos casos não contemplam as nuances do tratamento de cada paciente. Desse modo, os pacientes imigrantes encontram muitas dificuldades para acessar a terapia completa, como exemplifica o presente relato, cujo paciente possui visto somente até o mês de Agosto de 2023, sendo que seu tratamento se completa no ano de 2025. Apesar de todos entraves socioeconômicos, o SUS está em constante atualização para auxiliar, receber e tratar esses pacientes imigrantes da melhor maneira possível, aplicando protocolos e condutas atualizados, visando assistir países que estão em grave crise sanitária, política e humanitária e, portanto, que não conseguem fornecer as condições necessárias para conduzir os casos. Conclusão: Apesar do SUS atender as necessidades das populações migratórias atualmente, o Brasil pode se tornar um centro de refugiados da américa latina, por conseguinte, ainda faltam políticas públicas e planejamento para que os pacientes estrangeiros possam ser atendidos de forma integral.