Angiologia e Cirurgia Vascular (Mar 2020)

Fibrose retroperitoneal secundária à colocação de stents aorto-iliacos: a propósito de 2 casos clínicos.

  • Daniel Azevedo Mendes,
  • Rui Machado,
  • Duarte Rego,
  • Vitor Ferreira,
  • João Gonçalves,
  • Gabriela Teixeira,
  • Inês Antunes,
  • Carlos Veiga,
  • Rui Almeida

DOI
https://doi.org/10.48750/acv.82
Journal volume & issue
Vol. 13, no. 4

Abstract

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Resumo A fibrose retroperitoneal (FR) é uma doença rara, caracterizada por inflamação e fibrose na periferia da aorta abdominal com disseminação ao longo do espaço retroperitoneal, invadindo estruturas contiguas. Em cerca de dois terços dos casos esta condição é idiopática apresentando uma causa secundária nos restantes. Mais frequentemente as formas secundárias estão associadas a fármacos e neoplasias, no entanto outras situações podem levar ao desenvolvimento da doença. Na última década tem surgido alguma evidência de que a FR está associada à angioplastia, stenting ou implantação de endoprótese nos eixos aortoilíacos, no entanto a literatura publicada é muito escassa. Apresentamos a nossa experiência com dois doentes com arteriopatia grau IIb, um com estenose pré-oclusiva da artéria ilíaca comum esquerda tendo sido submetido angioplastia e stenting da lesão, outro com estenose morfologicamente significativa da aorta abdominal infrarrenal tendo sido submetido a angioplastia e colocação de duas endopróteses cobertas aortoilíacos sob a forma de kissing stent. Ambos os doentes desenvolveram dor lombar marcada tendo sido visualizado em angio-TC um processo inflamatório periaórtico sugestivo de fibrose retroperitoneal que posteriormente evoluiu para aneurisma da aorta abdominal inflamatório. O mecanismo fisiopatológico desta alteração não se encontra descrito, no entanto, poderemos supor que a angioplastia e stenting poderá levar a rotura da integridade da placa aterosclerótica com exposição de antigénios contidos no seu interior desencadeando uma resposta inflamatória local. Por outro lado, poderá existir uma reação imunológica diretamente contra o stent. É importante pensar nesta possível complicação, uma vez que existe uma notável resposta à corticoterapia e pela possibilidade de desenvolvimento de aneurisma da aorta inflamatório.

Keywords