Anuário do Instituto de Geociências (Jan 2001)

Um Professor de Paleontologia: Ignácio Brito (1938-2001)

  • Diógenes de Almeida Campos

Journal volume & issue
Vol. 24
pp. 11 – 13

Abstract

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11 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 24 / 2001 Um Professor de Paleontologia: Ignacio Brito (1938-2001) Diogenes de Almeida Campos Museu de Ciências da Terra - DNPM Ignacio Aureliano Machado Brito, nascido no Rio de Janeiro, em 29 de junho de 1938, filho de Gratuliano da Costa Brito e de Adelaide Machado Brito, realizou seus estudos de nível médio no Colégio Mallet Soares, tendo concluído os mesmos em 1956. Suas atividades profissionais foram desenvolvidas primeiramente como jornalista, de 1958 a 1960, como repórter auxiliar da Revista da semana e do Eu sei tudo, além de lecionar em cursos de pré-vestibular. Concluiu o bacharelado e a licenciatura em história natural pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, em 1960, e logo ingressou na Petrobrás, fazendo, em Salvador, o curso do CENAP e obtendo o diploma de geólogo de petróleo, fornecido pela Universidade Federal da Bahia, em 1962. Apesar dos trabalhos de rotina do laboratório de Paleontologia da Petrobrás, dedicou-se ao estudo dos microfósseis do Paleozóico brasileiro. Paralelamente a suas atividades como paleontólogo da Petrobrás, ministrou aulas de Paleontologia e Geologia Histórica na Escola de Geologia da Universidade Federal da Bahia, de 1962 a 1965. Deixou a Petrobrás, em 1965, e foi, como bolsista da CAPES, para a Stanford University, na Califórnia, onde defendeu tese intitulada Os Acritarcha e sua utilização na estratigrafia siluriana e devoniana do Brasil, obtendo o título de Master of Sciences, em 1966. De volta ao Brasil, foi, em janeiro de 1966, para o Rio de Janeiro, a convite de Paulo Erichsen de Oliveira ( -1969), passando a conciliar sua pesquisa com os amonitas da seção de Paleontologia do DNPM e suas aulas no Instituto de Geociências da UFRJ, ainda no largo de São Francisco. Logo deixaria o DNPM, em 1968, passando a dedicar-se às atividades de ensino, pesquisa e administração do Instituto de Geociências até sua aposentadoria. 12 Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 24 / 2001 Nessa fase de sua vida, além de suas pesquisas (nesta altura já com novos interesses, os equinóides do Cretáceo), foi professor de geologia histórica e de Paleontologia e teve importante papel na implantação e no desenvolvimento da pós-graduação do setor de Paleontologia e Estratigrafia da UFRJ, além de ter orientado grande número de trabalhos de mestrado e doutorado. Foi aprovado em concurso, realizado em novembro de 1977, para professor titular do Instituto de Geociências da UFRJ, defendendo a tese Os equinóides fósseis do Brasil. Por sua dedicada atividade, pode, mesmo, ser considerado como a mola propulsora da pós-graduação naquele Instituto. Ocupou cargos de direção e chefia na UFRJ, tais como o de Diretor do Instituto de Geociências, por dois períodos, de Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação, Diretor-Adjunto e Chefe de Departamento, em várias oportunidades. Pesquisador I-A do CNPq, desde 1968, foi eleito membro associado da Academia Brasileira de Ciências, em 1972. Pertencia, também, à Sociedade Brasileira de Geologia e à Sociedade Brasileira de Paleontologia. Participou de diversos eventos nacionais e internacionais sobre assuntos relacionados a suas pesquisas. Foi, também, o contacto brasileiro da Subcomissão do Cretáceo da Comissão Internacional de Estratigrafia. Como professor-visitante, ministrou aulas na Universidade Federal do Ceará, na Universidade Federal de Mato Grosso e na Universidade Federal da Paraíba, além de muitas outras instituições de ensino, não somente no Rio de Janeiro. Ao se aposentar na UFRJ, passou a morar em Araguari, no Triângulo Mineiro, onde veio a falecer em setembro de 2001, embora continuasse a orientar dissertações e teses e a publicar trabalhos. A Comissão Organizadora do XIV Congresso Brasileiro de Paleontologia, em 1995, prestou-lhe singela homenagem, convidando-o para plantar um exemplar de Ginkgo biloba nos jardins do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, em Peirópolis, município de Uberaba, onde foi realizado o Congresso. Publicou mais de cem trabalhos, abrangendo invertebrados do Cretáceo e do Cenozóico, microfósseis do Devoniano e Estratigrafia das bacias sedimentares brasileiras; estudou, também, os equinóides recentes da costa brasileira. Seu estilo ágil e direto, fruto de sua experiência como jornalista, entre 1958 a 1960, tornava seus trabalhos de grande aceitação entre os estudantes de Geologia e Paleontologia. Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ Volume 24 / 2001 Homem de temperamento afável, sabia, no entanto, ser incisivo quando necessário. Foi um professor que sempre será lembrado por seus discípulos e colegas como um entusiasta pela Paleontologia e um divulgador nato da ciência. Em 2001, no ano de seu falecimento, a sessão organizada pela Sociedade Brasileira de Paleontologia que, tradicionalmente, realiza-se na Academia Brasileira de Ciência foi realizada em sua homenagem. Casou-se duas vezes, tendo de seu primeiro casamento três filhos, Paulo, André e Pedro. E com Lisete Fernandes Moraes Brito, sua segunda esposa, sobreviveram- lhe Fernando e Ana.

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