Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

IMPACTO DO USO DE IDARRUBICINA NA TERAPIA DE INDUÇÃO DA LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA DE ACORDO COM O PROTOCOLO AIEOP-BFM ALL 2009. EXPERIÊNCIA DO CENTRO INFANTIL BOLDRINI

  • AC Azevedo,
  • J Yajima,
  • C Omae,
  • L Prandi,
  • MC Della-Piazza,
  • MBR Amaral,
  • M Veríssimo,
  • A Salgado,
  • JA Yunes,
  • SR Brandalise

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S581

Abstract

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Objetivos: Avaliar o impacto do uso da idarrubicina em substituição a daunorrubicina na fase de indução de acordo com o protocolo AIEOP-BFM ALL 2009 quanto a resposta terapêutica (citológica e molecular) e toxicidades no 33º Dia da indução (D33). Estudo em crianças e adolescentes com Leucemia Linfoide Aguda (LLA), Filadélfia negativa, tratadas no Centro Infantil Boldrini. Métodos: De junho de 2018 a abril de 2020, 87 crianças e adolescentes com idade entre 0‒18 anos, com diagnóstico de novo de LLA Filadélfia negativos foram tratados de acordo com o protocolo AIEOP-BFM ALL 2009. A daunorrubicina na dose de 30 mg/m2 foi substituída pela idarrubicina 6mg/m2. Avaliação da resposta terapêutica medular foi realizada no 33º dia de tratamento, considerando-se remissão citológica quantidade de blastos < 5% e remissão molecular determinada por Doença Residual Mínima (DRM) ≤ 5 × 10-4. A quantificação da doença residual mínima foi realizada por Polimerase Chain Reaction (PCR), cujo DNA das amostras de diagnóstico foi rastreado usando primer BIOMED-2 primários para o processo completo e incompleto dos rearranjos de IgH. As toxicidades foram analisadas segundo os critérios do CTCAE versão 3.0. Resultados: O índice de remissão citológica foi obtido em 86 pacientes (98,8%). Houve apenas um óbito (1,1%) durante a fase de indução. A quantificação da DRM foi realizada em 78 pacientes (89,6%) sendo que 56 pacientes (64,3%) atingiram remissão molecular. Eventos tóxicos hepáticos graus 3 e 4, atingiram 6,9%no grupo de pacientes com LLA B derivada e 12,4% no grupo T derivado. Toxicidades grau 3 e 4 para infecção acometeram 63,8% no grupo B derivado e 68,7% no grupo T derivado. Discussão: O desabastecimento de quimioterápicos no Brasil, incluindo daunorrubicina, L-aspaginase, actinomicina e procarbazina, tornou-se um grave problema nos últimos anos. Desta forma, entre 2018 e 2020, foi necessário o uso da Idarrubicina no lugar da daunorrubicina na fase de indução nas crianças com Leucemia Linfoide Aguda (LLA) no Centro Infantil Boldrini. O uso da idarrubicina nas fases de indução de tratamentos de leucemia mielóides agudas e leucemias linfoides aguda recidivadas/refratárias já está bem estabelecido. No entanto sua aplicação no período de indução em crianças e adolescentes com Leucemia Linfoide Aguda (ALL) com diagnóstico de novo, foi pouco estudada. Embora o estudo seja unicêntrico e com número pequeno de pacientes, os resultados quanto a resposta terapêutica, citológica e molecular (98,8% e 64,3% respectivamente), atingiu índices comparáveis aos resultados de grandes grupos internacionais utilizando daunorubicina. A baixa taxa de mortalidade na indução (1,1%) revela índice abaixo dos 3%‒4% publicado pelo grupo brasileiro de tratamento da leucemia linfoide aguda. Conclusões: Os dados quanto as toxicidades e resposta terapêutica revelaram que o uso da idarrubicina seja factível na terapia de indução, porém estudos prospectivos e randomizados necessitam ser realizados para melhor definição do papel da idarrubicina na terapia de indução em crianças e adolescentes com diagnóstico de novo de LLA.