Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS PRODUTORAS DE CARBAPENEMASES EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO

  • Marinei Campos Ricieri,
  • Leonora Lacerda Calsavara,
  • Erika Medeiros dos Santos,
  • Bianca Sestren,
  • Laura de Andrade Lanzoni,
  • Fábio de Araújo Motta

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103408

Abstract

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Introdução/objetivo: Os hospitais são ambientes propícios para seleção de Microrganismos (MO) resistentes devido a superexposição aos antimicrobianos. Entre esses MO, alguns Bacilos Gram-Negativos (BGN) multirresistentes estão na lista de agentes prioritários para a OMS. O objetivo dessa pesquisa foi descrever o perfil epidemiológico das culturas positivas por BGN produtoras de Carbapenemases (CARB) isoladas de pacientes hospitalizados em um hospital pediátrico. Métodos: Estudo quantitativo, documental retrospectivo conduzido em um hospital pediátrico em Curitiba. Foram coletados os resultados de culturas e testes fenotípicos (MCIM e ECIM) em amostras de sangue, aspirado traqueal, lavado broncoalveolar, líquidos nobres (líquor, ascítico) e urina, provenientes de pacientes (0 a 18 anos) atendidos entre Jan/20 a Dez/21. O total de amostras analisadas foi 1441 (em 2020) e 1796 (em 2021). O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética com o número 5.690.088. Resultados: Para a família Enterobacteriaceae, as maiores frequências de isolados de CARB em 2020 e 2021 foram, respectivamente, líquidos nobres (17%) e amostras respiratórias (75%). A Klebsiella pneumoniae foi a principal espécie identificada. Para os isolados não-fermentadores de glicose (NFG), em 2020 e 2021, a distribuição de resistência por CARB detectadas foi em culturas de líquidos nobres (20%) e urina (25%), respectivamente. Acinetobacter baumannii e a Pseudomonas aeruginosa foram as espécies mais comumente recuperadas. Quanto as classes de CARB mais frequentes, entre os anos de 2020 e 2021, as metalo-betalactamases representaram 35% e 44% e as serino-carbapenemases, 26% e 56%. Com relação a identificação de CARB por biologia molecular, os resultados foram em 2020 os genes bla-NDM (28%) e bla-KPC (9%); em 2021, o perfil muda para genes bla-SPM (25%) e bla-NDM (7%). Outro resultado é a detecção de isolados resistentes aos CARB por mecanismos não enzimáticos, tais como perda de porinas e ativação de bombas de efluxo. Em 2020 tivemos 14% e 2021 foi 12%. Conclusão: Acompanhar anualmente o perfil epidemiológico de multirresistência atende a uma das principais ações dos programas de gerenciamento de antimicrobianos, porque permite observar se os resultados seguem o padrão local e nacional de resistência. Nessa casuística, as cepas produtoras de CARB e genes de resistência são semelhantes ao encontrado no estado do Paraná e Brasil, segundo os boletins epidemiológicos do período.

Keywords