Revista de Pesquisa : Cuidado é Fundamental Online (Oct 2010)

INFECÇÃO BACTERIANA HOSPITALAR EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO EM 2008

  • Maria Ozilene Rodrigues Batista,
  • Maria Cristina Leite Araújo Borges,
  • Ocilia Maria Costa Carvalho,
  • Ana Maria Maia Rodrigues,
  • Jaqueline Gomes de Souza Santos

Abstract

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INTRODUÇÃO: A infecção hospitalar representa um grave problema de saúde pública. É definido como aquela adquirida no hospital que se manifesta após 72 horas de internação ou mesmo após a sua alta, desde que se relacione com o período de internamento Mies (2009). Os avanços tecnológicos permitiram o aumento de procedimentos invasivos para a manutenção da vida e favoreceram o surgimento de infecções hospitalares, já que muitos deles interferem e desestruturam a defesa orgânica. Os pacientes submetidos a transplantes hepáticos tornam-se pacientes de risco para aquisição de infecções nosocomiais, pois além de terem se submetido a um procedimento com tempo cirúrgico longo e alvo de diversos procedimentos invasivos, tais como: dispositivos de acesso central, ventilação mecânica e cateter vesical de demora, necessitam de uma terapia imunossupressora potente para evitar a rejeição do órgão transplantado Moreno e Berenguer (2006). OBJETIVO: Analisar o perfil das infecções hospitalares ocorridas nos pacientes submetidos a transplante hepático. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, do tipo descritivo. Este tipo de pesquisa envolve a coleta sistemática de informações numérica, normalmente mediante condições de muito controle, além da análise dessa informação, utilizando procedimentos estatísticos Polit; Beck e Hungler (2004). O local do estudo foi em uma unidade de terapia intensiva onde admite pacientes adultos e pediátricos no pós-operatório, instituição hospitalar pública da esfera federal localizada no município de Fortaleza-Ce, referência em transplante de fígado nas regiões Norte e Nordeste. A população do estudo foi composta de 59 pacientes que realizaram transplante de fígado no ano de 2008. A amostra foi constituída por 28 pacientes que foram submetidos a transplante de fígado com diagnóstico de infecção bacteriana hospitalar. Para determinação da amostra foi realizada leitura flutuante dos prontuários complementada e validada pelas fichas de notificação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Os dados foram coletados pelas pesquisadoras no mês de abril de 2009, processados, discutidos e analisados minuciosamente de acordo com a literatura pertinente, no intuito de evitar erros, informações confusas ou que possam vir a prejudicar o resultado da pesquisa e apresentados sob forma de gráficos, utilizando a estatística descritiva, permitindo o conhecimento dos principais sítios de infecção, facilitando a criação de estratégias para treinamento da equipe multiprofissional que assiste esta clientela. Os aspectos éticos e legais foram mantidos conforme a Resolução 196/96 que rege a legislação de pesquisas em seres humanos BRASIL (1996). RESULTADOS: Em 59 prontuários de pacientes submetidos a transplante hepático analisados, no período do estudo, foram encontrados 28 (47,5%) pacientes que desenvolveram infecção bacteriana hospitalar nas seguintes topografias: Pneumonia associada à ventilação mecânica (17,8%); Infecção de sítio cirúrgico órgão ou cavidade (17,8%); celulite (3,5%); Infecção do trato urinário associado à sonda vesical de demora (21,4%); Pneumonia não associada à ventilação mecânica (10,7%); Cateter vascular (10,7%), outros (18,1%), distribuídos em casos de sepse, diarréia hospitalar. Daí então, percebemos que a topografia onde ocorreu o maior número de infecções bacterianas hospitalares, foi o trato urinário. A infecção do trato urinário após transplante de fígado associado ao uso de drogas imunossupressoras é considerada um fator importante para o desenvolvimento de multiresistência antimicrobiana Wagenlehner e Naber (2000). Foi encontrado em um mesmo paciente vários agentes microbianos, onde evidenciamos: Pseudomonas aeruginosa (14%), Escherichia coli (21%) , Staphilococus aureus (17,8%), Klebsiella pneumoniae (21%), Enterobacter cloacae (3,5%). Nas culturas isoladas, os microorganismos mais frequentes foram às bactérias Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli, totalizando (42%) das causas de infecção hospitalar. Não foram isolados os microorganismos em (48%) dos pacientes, diagnosticados como sepse clínica, pneumonia clínica, celulite, diarréia hospitalar e infecção de sítio cirúrgico. CONCLUSÕES: Os resultados do estudo evidenciaram a necessidade de programarmos medidas de maior eficácia para prevenir a infecção hospitalar, tendo em vista o número de infecções adquiridas terem sido bem elevado, sendo necessária a implementação de treinamentos constantes para a equipe multiprofissional com o objetivo de reduzirmos o tempo de hospitalização, gastos hospitalares, uso indiscriminado de antibióticos. A prevenção da infecção hospitalar constitui-se um grande desafio para a equipe de saúde, dirigentes das instituições hospitalares e Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Através da sensibilização da equipe de saúde quanto às medidas preventivas, elaboração de protocolos multiprofissionais é que garantimos uma assistência integral, humanizada e individualizada focando o restabelecimento do paciente a família e comunidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. MIES, S. Transplante de fígado. Rev. Assoc. Méd., São Paulo, v.44, nº22, 1988. Disponível em: http:scielo.br. Acesso em 04 de abril de 2009. 2. MORENO, R & BERENGUER, M. Post-liver transplantation medical complications. Annals of hepatology, Valência, v.5, nº 2, april/june 2006, p.77-85. 3. POLIT, D. F.; BECK, C. T.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação e utilização. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 4. BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº196/96. Sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Bioética. V.4, p.15-25, 1996. 5. WAGENLEHNER, F.M.E. & NABER, K.G. Hospital-acquired urinary tract infections. Journal of Hospital Infection, Straubing, Germany, nº46, 2000, p. 171-181.

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