Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

ANÁLISE DA MORTALIDADE POR DEFICIÊNCIA HEREDITÁRIA DO FATOR VIII (HEMOFILIA): UM PERFIL EPIDEMIOLÓGICO BRASILEIRO

  • GDS Almeida,
  • GS Guerato,
  • LHMSG Graciolli,
  • TC Hepher,
  • MV Meireles,
  • LM Franco,
  • LS Monteiro,
  • LV Rodrigues,
  • NC Castro,
  • JAAO Neto

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S575 – S576

Abstract

Read online

Objetivos: Evidenciar o perfil epidemiológico da mortalidade por Deficiência Hereditária do Fator VIII entre os anos de 2018 a 2022 no Brasil. Material e métodos: Trata-se de um perfil epidemiológico de abordagem quantitativa, de caráter descritivo e retrospectivo sobre óbitos de pacientes com deficiência hereditária do fator VIII, realizado através de extração de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, na série temporal de 2018 a 2022. As variáveis incluíram faixa etária, sexo e raça/etnia, sendo estratificadas por região brasileira. Resultados: No Brasil foram registrados 95 óbitos por deficiência hereditária do fator VIII entre o período de 2018 a 2022. Desse total, as regiões predominantes foram Nordeste e Sudeste, ambas com 30 casos, seguidas pelo Sul, com 17 óbitos. As regiões Centro-Oeste e Norte apresentam os menores números, com apenas 9 casos cada. Em relação a análise por cor/raça, houve predomínio dos brancos, com 46,3% do total. Dentre eles, predominam as regiões Sudeste e Sul, com respectivos 16 e 13 casos, já os pardos ocupam o segundo lugar no total entre as regiões, com 38 casos, sendo 48% desses no Nordeste. Por fim, entre os pretos contabilizou-se apenas 8 óbitos, com distribuição entre Sul, Sudeste e Nordeste. Quanto ao sexo, foi observada hegemonia masculina, com 90 casos (94,7%), enquanto as mulheres tiveram apenas 5 casos. Por fim, entre as faixas etárias a distribuição foi mais uniforme entre os maiores de 20 anos, com maior número de casos entre 40 a 49 anos (17), seguido por 60 a 69 anos (14) e 20 a 29 anos (12). Os menores números foram obtidos entre 5 a 9 anos, com apenas 1 caso, e em menores de 1 ano, 2 óbitos. Em todas as idades houve predomínio de casos na região Sudeste. Discussão: As regiões Sudeste e Nordeste têm mais óbitos, devido à densidade populacional, maior número de notificações e melhor diagnóstico. Em relação à cor, os óbitos predominam entre brancos, seguidos por pardos e pretos. Os brancos têm maior incidência no Sudeste e Sul, enquanto os pardos têm alta mortalidade no Nordeste, refletindo a composição étnica e vulnerabilidade socioeconômica. Pretos têm menos óbitos, distribuídos entre Sul, Sudeste e Nordeste, e a falta de registros entre indígenas pode indicar subnotificação. Os homens são mais afetados devido à hemofilia ligada ao cromossomo X, ressaltando a importância do aconselhamento genético. A mortalidade é maior entre 20 e 69 anos, com menores taxas em crianças (1‒9 anos), indicando eficácia no diagnóstico e tratamento. Geograficamente, todas as idades mostram predominância de casos no Sudeste. Apesar dos avanços, a hemofilia continua sendo uma causa significativa de óbitos no Brasil. Conclusão: O estudo revela que a mortalidade por deficiência hereditária do fator VIII no Brasil entre 2018 e 2022 é mais prevalente nas regiões Sudeste e Nordeste, devido à densidade populacional e capacidade de diagnóstico nessas áreas. A maioria das vítimas é de raça branca, seguida pelos pardos, refletindo as composições demográficas e vulnerabilidades socioeconômicas. A doença afeta principalmente homens de 20 a 69 anos, com menores índices de mortalidade em crianças devido ao diagnóstico e tratamento precoce eficazes. Apesar dos avanços, a taxa de mortes por hemofilia ainda é significativa no Brasil, indicando a necessidade de melhorias no acesso ao diagnóstico e tratamento adequado, especialmente em regiões com menor incidência e potencial subnotificação.