Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ESTUDO SOBRE O PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO EM UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE DO RIO GRANDE DO SUL (RS)
Abstract
Introdução: Mieloma Múltiplo (MM) é uma neoplasia maligna relacionada à proliferação descontrolada de plasmócitos na medula óssea. Possui diferentes classificações e prognósticos e seus sintomas dependem do sítio acometido. A síndrome da doença inclui hipercalcemia, insuficiência renal, anemia e doença óssea. É um diagnóstico desafiador e de grande impacto na qualidade de vida. Logo, o presente estudo busca compreender as características sociodemográficas e clínicas dos pacientes com diagnóstico de MM em um hospital de grande porte do RS. Metodologia: Estudo transversal, descritivo e quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n° 6.544.927). Foram avaliados 31 pacientes em acompanhamento no ambulatório de Hematologia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). Analisou-se os dados demográficos, comorbidades e efeitos adversos do tratamento, os quais foram coletados por meio de questionário de autoria própria e os exames laboratoriais do prontuário eletrônico (TASY). Resultados: A média de idade e de tempo desde o diagnóstico foram de 60,6 e 5,45 anos. Predominou o sexo masculino (64,5%), raça branca (71%), religião católica (77,4%), estado civil casado (64,5%) e ensino fundamental incompleto (48,5%). 22,6% dos pacientes relataram uma comorbidade e 51,6% duas ou mais. A de maior prevalência foi hipertensão arterial sistêmica (58,1%), seguida de doença cardiovascular (29%), fratura óssea (25,8%), anemia (19,4%), hipotireoidismo (16,1%), doença pulmonar (12,9%), doença renal crônica (9,7%). Nos efeitos adversos do tratamento, predominou a perda de apetite (61,3%), seguida de perda de peso (58,1%), náuseas/vômitos (58,1%), dificuldade de visão (58,1%), cansaço (54,8%), constipação (51,6%), redução de sensibilidade (48,4%). Discussão: O MM representa 1% de todos os tipos de câncer e 10% das neoplasias hematológicas. De acordo com o Ministério da Saúde, houve 3.064 óbitos por essa doença no BR em 2016. Concordando com a literatura, a maioria dos pacientes eram do sexo masculino com idade entre 60 e 65 anos. A literatura traz a raça negra como fator de risco, mas em nossos dados a raça branca prevaleceu - o que possui relação com a colonização predominantemente europeia no RS. Em um estudo feito no estado do MS, a cor branca também foi predominante, sendo um estado onde 47% da população se declarava branca. Há fatores relacionados ao risco aumentado dessa neoplasia, como exposição à radiação ionizante e a agentes químicos contendo hidrocarbonetos aromáticos, agentes poluentes e agrotóxicos. A maioria dos entrevistados era casada e com ensino fundamental incompleto. Do total, 22 pacientes não eram tabagistas. Sobre as comorbidades, predominou a hipertensão arterial sistêmica, um dado que não surpreende devido à alta prevalência dessa doença na sociedade. A maioria dos pacientes não reportou câncer prévio e poucos eram portadores de doença renal crônica. Conclusão: Compreender o perfil dos pacientes com MM pode contribuir diretamente para o maior conhecimento da doença por parte dos profissionais de saúde, possibilitando diagnóstico precoce e melhor manejo da doença. Ressalta-se que com os dados coletados não é possível correlacionar, com indubitável significância, a incidência de MM em um determinado grupo demográfico. Além disso, a alta prevalência de efeitos adversos reflete a dificuldade de manter a qualidade de vida diante dos tratamentos disponíveis.