Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-284 - AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA SUSPENSÃO DO USO DE PROFILAXIA ANTIBACTERIANA EM PACIENTES ONCO-HEMATOLÓGICOS SUBMETIDOS A TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA

  • Sofia Luz Antonorsi,
  • Diogo Boldim Ferreira,
  • Vinicius Ponzio,
  • Larissa Simão Gandolpho,
  • Celso Arrais Rodrigues da Silva,
  • Luis Fernando Aranha Camargo

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104192

Abstract

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Introdução: As infecções estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes com neoplasias hematológicas e neutropenia. O uso de antibiticoprofilaxia foi adotado amplamente como uma das principais estratégias preventivas, na tentativa de diminuir a colonização por bactérias potencialmente patogênicas. Contudo, os estudos não são conclusivos com relação ao impacto na mortalidade, além da associação com aumento de resistência bacteriana e efeitos adversos das quinolonas. Desta forma, o benefício da profilaxia com antibióticos para os pacientes neutropênicos tornou-se um tema controverso e diversos centros deixaram de utilizá-la sistematicamente. Objetivo: Avaliar o impacto da suspensão de profilaxia com quinolona em dois períodos em pacientes receptores de transplante de células hematopoiéticas (TCTH). Método: Estudo de coorte retrospectivo em hospital universitário da cidade de São Paulo, abrangendo o período de 1° de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2021.Período com profilaxia (PP): janeiro de 2017 a dezembro de 2018. Período sem profilaxia (PS): janeiro de 2019 a dezembro de 2021. Resultados: Foram incluídos 187 pacientes, sendo 52 no PP e 135 no PS. A média de idade foi 47 anos, a maioria era do sexo masculino (54%) e o principal diagnóstico hematológico foi leucemia aguda (34,8%), sem diferença nos períodos. A modalidade mais prevalente de TCTH foi alogênico haploidêntico (38%), mais frequente no PS (42,9%) em relação ao PP (25%), p = 0,02. No PP, foi observada uma frequência de pelo menos 76,9% de episódios de neutropenia febril, das quais 29,8% foram Infecção de Corrente Sanguínea (ICS). No PS, 81,5% de neutropenia febril, dos quais 27% foram ICS, com p = 0,70. A mortalidade em 100 dias nos dois períodos foi 21,1% e 24,4% (p = 0,63), respectivamente. Nos dois períodos o patógeno prevalente foi Staphylococcus coagulase negativo, sem diferença estatística, seguido de Klebsiella pneumoniae. As enterobactérias aumentaram no período PS em relação ao PP (de 25% para 31,6%). Notamos também aumento de identificação de bacilos gram-negativos não fermentadores (de 12,5% para 26,3%), especificamente de P.aeruginosa, de 6,3% para 15,8%. Conclusão: A suspensão de profilaxia com quinolonas não mostrou aumento de mortalidade, mudança na incidência de ICS ou de neutropenia febril. Com relação às ICS, observamos que houve aumento na positividade das hemoculturas para a maioria dos agentes gram negativos, sem relevância estatística.