Saúde & Tecnologia (Nov 2022)

Anorexia nervosa na infância e na adolescência: percurso desde a identificação de sintomas até ao internamento

  • Sandra Pires,
  • Catarina Santos,
  • Inês Oliveira,
  • Frederica Vian

DOI
https://doi.org/10.25758/set.723
Journal volume & issue
no. 27

Abstract

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Introdução – É amplamente reconhecida a importância da intervenção precoce na anorexia nervosa. Os dados disponíveis na literatura evidenciam que uma duração prolongada de doença não tratada está associada a um pior prognóstico nas perturbações da alimentação e da ingestão e que a gravidade da doença à data do diagnóstico, é preditiva do seu outcome. Objetivos – Geral: estudar o tempo de doença não tratada, numa amostra de crianças/adolescentes que estiveram internados com o diagnóstico de anorexia nervosa. Específicos: descrever o percurso percorrido desde a identificação dos primeiros sintomas até ao internamento, nomeadamente no que respeita ao seguimento em consultas das diversas especialidades, à realização de exames complementares de diagnóstico, à presença de comorbilidades e às terapêuticas estabelecidas previamente ao internamento. Método – Após obtenção do consentimento informado para participação no estudo procedeu-se à consulta dos processos clínicos de uma amostra de crianças/adolescentes internados num serviço de pedopsiquiatria no período compreendido entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019 (n=37). Para recolha dos dados foi utilizada uma grelha construída tendo em consideração os objetivos definidos. Foi realizada uma análise estatística univariada, procurando descrever as ações empreendidas no tempo de doença não tratada, os seguimentos e plano terapêutico prévios ao internamento, o tempo decorrido desde a identificação de sintomas até ao internamento e a sua duração. Por último, procurou-se compreender de que forma tinham sido articulados os seguimentos nas diferentes consultas. Resultados e Discussão – Os resultados mostraram que dos 37 casos que constituíram a amostra, em cinco não ocorrera qualquer contacto com um profissional de saúde até à data de internamento; apenas 16 casos estavam referenciados à consulta de dietética/nutrição e só 15 casos tinham um plano alimentar estabelecido previamente ao internamento. Apenas dois casos eram seguidos em equipa multidisciplinar constituída por pediatra, pedopsiquiatra, psicólogo e dietista/nutricionista. Conclusão – Na amostra apenas uma minoria dos casos estava a ser seguida por uma equipa multidisciplinar. Estes dados reforçam a necessidade de uma melhor articulação entre os serviços de saúde mental e as restantes áreas de intervenção nas perturbações da alimentação e da ingestão.

Keywords