Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

CENÁRIO CEARENSE DE ANEMIA FERROPRIVA NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS: EPIDEMIOLOGIA E CUSTOS ASSOCIADOS

  • JFC Sampaio,
  • WLA Costa,
  • SL Vasconcelos,
  • SL Rodrigues,
  • PF Kalume,
  • AP Souza,
  • LCC Temoteo,
  • VA Lavor,
  • MCQL Verde,
  • AS Mota

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1054 – S1055

Abstract

Read online

Objetivos: A anemia ferropriva ainda é uma condição clínica que tem um impacto significativo na saúde pública, particularmente em regiões com acesso limitado a serviços de saúde e nutrição adequados e, portanto, ainda provoca um vasto número de internações hospitalares. No estado do Ceará, a análise da morbidade hospitalar do SUS por local de residência fornece dados valiosos sobre o impacto dessa condição em diferentes demografias e ajuda a orientar políticas de saúde pública. Este estudo visou analisar o contexto dessa condição no Ceará durante a última década. Material e métodos: Utilizou-se a base de dados TABNET disponibilizado pelo Ministério da Saúde para investigar a morbidade Hospitalar do SUS por local de residência da anemia ferropriva (CID-10 D50) no estado do Ceará no período de 2014 à 2023. Analizamos o número de Autorização de Internação Hospitalar (AIH), o valor referente à elas no periodo, e o custo medio de AIH, categorizando esses dados por sexo e faixa etária. Os critérios de inclusão foram AIH em caráter eletivo e de urgência. Foi utilizado o TABWIN para tabular os dados obtidos. Resultados: No periodo analisado, o estado do Ceará registrou um total de 5.983 internações relacionadas a anemia ferropriva, com predominio do sexo feminino, representando 55,2% de todos os casos. Essa superioridade é verdadeira para as faixas etárias que compreendem o período fertil feminino (10-14 anos à 50-59 anos). Fora desse espectro, a predominância é de homens. Quanto a idade, a faixa etária com a maior prevalência foi a de pessoas com 70 anos ou mais (36,40%), seguido por 40 a 49 anos (14,84%) e 60 a 69 anos (12,86%). O custo total, o qual inclui os gastos com as internações hospitalares, o tempo dos profissionais, bem como repasses das três esferas do poder público, foi de R$2.182.240,02, o que reflete em um custo médio de internação de R$364,74. O grupo com o maior e o menor custo médio por internação foram meninos menores de 1 ano (R$711,07) e de 5 a 9 anos (R$289,96). Discussão: O predomínio de internações entre mulheres em idade fértil reflete a maior demanda fisiológica de ferro durante a menstruação, gravidez e lactação, corroborando achados de estudos anteriores que associam anemia ferropriva a mulheres em idade reprodutiva. A elevada prevalência acima dos 70 anos reflete as múltiplas comorbidades e um estado nutricional comprometido e/ou episódios de hemorragia digestiva, o que exacerba o risco de anemia ferropriva. A análise dos custos associados às internações hospitalares revela um impacto econômico substancial para o sistema de saúde. Posto isso, o fortalecimento da atenção primária à saúde pode contribuir para a detecção precoce e o tratamento adequado, minimizando a necessidade de internações hospitalares e, consequentemente, os custos associados. Conclusão: A anemia ferropriva continua a ser uma condição de saúde pública significativa no estado do Ceará, com um impacto desproporcional em mulheres em idade fértil e idosos. Os dados evidenciam a necessidade urgente de estratégias de prevenção e manejo mais eficazes. Este estudo reforça a importância de uma abordagem integrada que inclua suplementação de ferro, educação nutricional e fortalecimento da atenção primária à saúde. A redução da incidência dessa condição pode resultar em melhorias significativas na qualidade de vida das populações afetadas e em uma redução substancial nos custos de saúde associados.