Motricidade (Jan 2010)

To publish in Lusophone scientific journals: A goal for a consolidated research community [editorial]

  • J. Vasconcelos-Raposo,
  • C.M. Teixeira

Journal volume & issue
Vol. 6, no. 1
pp. 1 – 4

Abstract

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EXCERTO:Os discursos políticos dos governantes, com alguma regularidade, aludem à crescente presença de investigadores Lusófonos na literatura internacional publicada em língua inglesa, assim como ao crescente número de doutores que vão sendo formados anualmente. Tudo isto se afirma e se utiliza, de forma mais ou menos eficaz, como demonstração das boas acções governativas. Na realidade, há alguma factualidade nessas afirmações e reconhecemos que têm sido concebidas estratégias políticas que visam incentivar os investigadores a publicar com maior regularidade, mas preferencialmente em revistas anglo-saxónicas. Estes incentivos são acompanhados de práticas avaliativas, que têm ocorrido com regularidade, tal como se deseja. Os investigadores, e os centros de pesquisa a que pertencem, são periodicamente sujeitos a avaliações externas, cujos "panelistas" são, na sua maioria, oriundos de países estrangeiros e que não sabem falar, nem ler português. A história recente da intervenção destas comissões de avaliação, no caso de Portugal, tem evidenciado alguns problemas, e desencadeado reacções de repúdio por parte dos que têm sido avaliados, por considerarem inadequados os parâmetros tidos em consideração, assim como as fundamentações apresentadas para as classificações atribuídas, que por serem desajustadas à realidade do sistema universitário em apreço se poderiam designar, tal como Comte o fez em tempo, de serem fruto de uma pedantocracia. Entre outros aspectos, que se apresentam questionáveis, é referido o facto de, na elaboração dos seus relatórios, as comissões negligenciarem as publicações em revistas de língua portuguesa, independentemente da classificação e indexação que possam ter. A esta prática a tutela responsável pelo financiamento de uma parcela acentuada dos projectos realizados no país mantém uma posição passiva, apesar de concordar em alterar as classificações atribuídas. A praxis da instituição financiadora requer reflexão a vários níveis, mas enquanto editor de uma revista limitar-me-ei a olhar ao fenómeno na perspectiva da Revista Científica. (...)