Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-456 - INFECÇÃO GRAVE DE PELE E PARTES MOLES POR AEROMONAS CAVIAE APÓS IMERSÃO EM ÁGUA DOCE - RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA
Abstract
Introdução: Aeromonas spp. é um bacilo gram negativo responsável por infecção de pele e partes moles (IPPM) grave associada à exposição a água. Apresenta evolução grave, frequentemente fulminante e com alta mortalidade a despeito de antibioticoterapia e abordagem cirúrgica. Objetivo: Descrever caso de IPPM grave por Aeromonas caviae em paciente vítima de espancamento e imersão em córrego, com revisão de literatura. Método: Relato de caso e revisão de literatura. Resultados: Paciente masculino, 44 anos, vítima de espancamento, encontrado imerso em córrego com ferimentos corto contusos no MMSS e MMII. Procurou serviço de saúde recebendo apenas medicações sintomáticas. Evoluiu com piora clínica 3 dias após, instabilidade hemodinâmica e presença de sinais inflamatórios e exsudação nas lesões. Internado por suspeita de choque séptico por IPPM e iniciada antibioticoterapia empírica com Ceftriaxone, escalonada para Piperacilina/Tazobactam e Metronidazol. Após positivação de hemoculturas com bacilo gram negativo, realizada associação de Amicacina e Polimixina-B. Identificada Aeromonas em hemocultura, 1 amostra, com perfil de sensibilidade para cefalosporinas de 3ª e 4ª geração, quinolonas e Sulfametoxazol/Trimetropima, com teste blue carba positivo, sendo, assim, ajustado o esquema para Cefepime, Teicoplamina e Metronidazol. Foi submetido apenas ao desbridamento das lesões superficiais à beira-leito, evoluindo com choque séptico refratário e óbito em 8 dias. A fasciíte necrotizante por Aeromonas apresenta elevada mortalidade, principalmente quando o quadro evolui com bacteremia e/ou choque séptico, mesmo com fasciotomia precoce e antibioticoterapia correta. Há uma forte associação com ferimentos perfuro cortantes e exposição de água doce, seja ela proveniente de fontes de água límpida ou não, sendo necessário suspeitar desse quadro sempre que há IPPM de evolução fulminante e epidemiologia coerente. A resistência microbiana intrínseca pode acontecer por diferentes mecanismos e comprometer a antibioticoterapia empírica. Conclusão: Frente aos desfechos negativos e à alta morbimortalidade referente à fasciíte necrotizante e à bacteremia por Aeromonas spp., deve-se instituir uma alta suspeição frente a lesões com epidemiologia e evolução típicas e, assim, instituir o tratamento precoce com antibioticoterapia de amplo espectro eficaz e controle cirúrgico agressivo do foco infeccioso, os quais ainda são os maiores preditores de sucesso terapêutico.