Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

PREVALÊNCIA DE CLOSTRIDIOIDES DIFFICILE TOXIGÊNICO EM HOSPITAL TERCIÁRIO DE PORTO ALEGRE

  • Luciana Giordani,
  • Viviane Horn de Melo,
  • William Latosinski Matos,
  • Sofia Aquino Monteiro,
  • Juliana Bergmann,
  • Alessandra Helena da Silva Hellwig,
  • Grazielle Motta Rodrigues,
  • Dariane Castro Pereira,
  • Rodrigo Minuto Paiva,
  • Afonso L. Barth

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103413

Abstract

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Introdução/Objetivo: Clostridioides Difficile (CDI) é um bacilo gram-positivo produtor de esporos e toxinas relacionado com desordens do trato gastrointestinal. Diarreia e colite pseudomembranosa são as principais manifestações clínicas que ocorrem pela produção das toxinas A, B e binária, e das enzimas hialuronidase e colagenase, que danificam o citoesqueleto da célula epitelial, causando a secreção de fluido e inflamação. CDI é uma grande ameaça à saúde. Em 2017, foram estimados 223.900 casos em pacientes hospitalizados e 12.800 mortes nos Estados Unidos. O objetivo do estudo foi avaliar a prevalência de CDI produtor de toxina e a prevalência da cepa hipervirulenta, relacionando com o local de internação e idade dos pacientes no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Materiais e métodos: Estudo retrospectivo para análise da prevalência de CDI produtor de toxina. Foram utilizados os dados do sistema de informática laboratorial do período de janeiro a 30 de abril de 2023. O diagnóstico de CDI foi realizado através de uma testagem em duas etapas: primeiramente, as amostras foram submetidas a um imunoensaio fluorescente (ECO F GDH, ECO Diagnóstica) para a detecção da enzima Glutamato Desidrogenase (GDH). Amostras GDH positivas foram submetidas à técnica de qPCR (Xpert® C. difficile BT, Cepheid) para detecção dos genes que codificam as toxinas B (tcdB) e binária (cdt), assim como a deleção em tcdC que identifica a cepa hipervirulenta pertencente ao ribotipo 027 e resistente às fluoroquinolonas. Resultados: Foram investigadas 473 amostras de fezes de pacientes com diarreia clínica. Encontrou-se uma prevalência de CDI toxigênico em 12,4% (59/473), dos quais 5 pacientes testaram positivo para a cepa hipervirulenta. Apesar de ser relatada a idade avançada como fator de risco, 33% dos pacientes com CDI toxigênico estavam na faixa etária de 0 a 10 anos, enquanto que 27% tinham idade acima de 60 anos. 16,9% dos pacientes tinham de 18 a 30 anos e 22% tinham entre 31 e 59 anos. Quanto ao local da solicitação, observa-se uma predominância de testes da internação pediátrica (23,7%) e internação clínica (22%). Conclusão: A prevalência de CDI toxigênico foi de 12,4% nas amostras analisadas. Esses resultados mostram a importância da epidemiologia local para melhorar o tratamento e as medidas de controle de infecção. CDI é uma importante infecção nosocomial e incorre em tratamentos caros, isolamento do paciente e maior tempo de internação.

Keywords