Caderno Brasileiro de Ensino de Física (Aug 2024)

Fui reprovado! E agora? Um estudo das relações entre os sentidos atribuídos às reprovações e as intenções de persistência

  • Bianca Vasconcelos do Evangelho Franco,
  • Tobias Espinosa,
  • Leonardo Albuquerque Heidemann

DOI
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2024.e94082
Journal volume & issue
Vol. 41, no. 1

Abstract

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Ainda que trabalhos argumentem que reprovações excessivas e a decisão dos estudantes de evadir ou persistir em seus cursos sejam diretamente relacionados, evidências mostram que essa vinculação é na verdade mediada pelos sentidos que eles atribuem às reprovações. A construção e a atribuição desse sentido consistem em um processo dinâmico de reorganização e regulação da cognição. Os estudantes avaliam suas ações, refletem sobre as causas determinantes de seu desempenho e reagem buscando obter êxito em seus objetivos, ou seja, mobilizam subfunções cognitivas autorregulatórias de autoavaliação, atribuição causal e autorreação. Embasados na Teoria Social Cognitiva e na concepção de Bandura sobre autorregulação, investigamos quais os principais sentidos que os estudantes atribuem às suas reprovações e como esses sentidos influenciam a decisão de evasão ou persistência. Para tanto, elaboramos e aplicamos um questionário on-line com 65 estudantes de cursos de Física ou com ênfase em Física que já foram reprovados ao menos uma vez. Os resultados indicam que as reprovações são concebidas, majoritariamente, como uma experiência negativa, de modo que alguns estudantes tendem a compreendê-la como algo intrínseco e insuperável, o que contribui para uma menor intenção de persistência. No entanto, estudantes que realizaram autoavaliações negativas autorreagiram de modo positivo, demonstrando maior intenção de persistência. Os resultados evidenciam a potencialidade da análise multidimensional de sentidos para o planejamento e proposição de ações de ressignificação de experiências consideradas estressoras, como as reprovações.

Keywords