Educação e Pesquisa (Dec 2008)

Sala de aula e teceduras subjetivas Classroom and subjective weavings

  • Vera Lúcia Blum

DOI
https://doi.org/10.1590/S1517-97022008000300009
Journal volume & issue
Vol. 34, no. 3
pp. 545 – 556

Abstract

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O propósito deste artigo é pensar a tarefa docente tendo como foco as vicissitudes a que a relação docente-discente está submetida e as quais desviam alunos e professores dos ideais de ordem e de harmonia. Com o objetivo de analisar os fluxos intersubjetivos em sala de aula, abordam-se aspectos da psicodinâmica grupal com o uso das noções psicanalíticas de grupo de suposto básico e de identificação projetiva. Com esse procedimento, pretende-se ao mesmo tempo sondar até que ponto noções eficazes na clínica psicanalítica podem ser úteis para analisar e elaborar situações pertencentes ao campo da Educação, em particular, à sala de aula concebida aqui como espaço de produção de intercorrências psíquicas. Procura-se pensar o espaço intersubjetivo segundo uma lógica que considere a criação de uma terceiridade no ensinar e aprender. Introduz-se a noção de "terceira voz" (Ogden) para indicar a criação e recriação do outro intersubjetivo, que faz da atividade docente uma experiência geradora de turbulência emocional com efeitos diversos nas constituições subjetivas. O enrijecimento identitário, com o concomitante desdém e intolerância à diferença, pode ser uma forma de reagir àquilo que escapa ao controle e à previsibilidade e que enfraquece desse modo os movimentos transformacionais implicados no processo de aprendizagem.The objective of this article is to think the task of teaching under the focus of the vicissitudes to which the teacher-student relationship is subjected, which steer pupils and teachers away from the ideals of order and harmony. With the purpose of analyzing the intersubjective flows in the classroom, aspects of group psychodynamics are investigated with the use of the psychoanalytic notions of basic assumption group and of projective identification. With this procedure, we want at the same time to probe to which extent notions that are efficacious in psychoanalytic clinic can be useful to analyze and to understand situations that belong to the field of education, and in particular the classroom, seen here as a space for the production of psychic inter-occurrences. We try to think the intersubjective space according to a logic that considers the creation of a third party in teaching and learning. We introduce the notion of a "third voice" (Ogden) to denote the creation and re-creation of the intersubjective other with various effects on the subjective constitutions. The identitary stiffening, along with the attending disdain and intolerance to difference, can be a form of reacting to that which escapes from control and predictability, thereby weakening the transformational movements implicated in the process of learning.

Keywords