Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

IMPACTO DA NOVA CLASSIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (2022) NO TRATAMENTO DA LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA -DADOS PRELIMINARES

  • EG Emiliano,
  • GEAA Santos,
  • GO Duarte,
  • GBD Amarante,
  • CA Souza,
  • KBB Pagnano

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S1003 – S1004

Abstract

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Objetivos: Avaliar o impacto da nova atualização da Organização Mundial de Saúde (OMS) 2022 na classificação da LMC. Materiais e métodos: Avaliação retrospectiva de pacientes com LMC acompanhados em um único centro. Foram coletados dados dos prontuários médicos ao diagnóstico: idade, cariótipo, transcritos BCR:ABL, fase da doença pela classificação OMS 2017 e dados de sobrevida. Resultados: Entre dezembro de 2014 e agosto de 2022 foram analisados 99 pacientes com LMC tratados com imatinibe em primeira linha. 12 (12,1%) apresentavam anormalidades citogenéticas adicionais ao cromossomo Filadélfia (ACA), das quais 5 (41,6%) são de alto risco e 7 (58,3%), de baixo risco. A mediana da idade ao diagnóstico foi 52 anos (16-79 anos). Classificação de acordo com OMS 2017 (FC-91, FA-5, CB-3). No total, houve 16 (16%) óbitos, 14 relacionados a LMC e 2 de causa desconhecida. Houve mudança de FA da classificação da OMS 2017 para FC da OMS 2022, em 5 casos (5%). Esses casos foram tratados com doses preconizadas para FA e 4 necessitaram de troca para um inibidor de tirosina quinase (ITQ) de 2ª geração. Destes, um caso teve falha ao segundo ITQ e recebeu transplante de células-tronco hematopoiéticas alogênico, com óbito por complicações relacionadas ao procedimento. Houve outro óbito por progressão da doença para CB. Tratamento no último seguimento: imatinibe, 54 (54,5%); dasatinibe, 29 (29,2%); nilotinibe, 8 (8,0%); asciminibe, 3 (3,0%); pós TMO, 2 (2,0%); protocolo de suspensão de tratamento, 3 (3,0%). Discussão: A LMCé uma neoplasia mieloproliferativa originada a partir da translocação recíproca t(9;22) (q34;q11), que gera um gene de fusão BCR:ABL, que produz uma proteína de atividade tirosina quinase, alvo terapêutico dos ITQ. A aquisição de mutações, evolução clonal ou o aparecimento de ACA na evolução são características da fase acelerada. A 5ª edição da Classificação dos Tumores Hematopoiéticos e Linfoides da OMS 2022 em vista da melhora do prognóstico com o tratamento com ITQ omitiu a FA da classificação de 2022, anteriormente presente na classificação da OMS 2017 e mantida pelo Consenso Internacional da Classificação de Neoplasias Mieloides e Leucemias Agudas (ICC 2022). Na ICC 2022 permanecem os critérios de FA a presença de 10-19% de blastos, basófilos ≥ 20% e presença de ACA. Não se sabe ainda o impacto em termos de tratamento e prognóstico com a mudança da classificação. Conclusão: Nessa análise preliminar retrospectiva, houve mudança de FA para FC em 5% dos casos pela nova classificação. O impacto nos novos casos deverá ser analisado prospectivamente, com a incorporação da nova classificação.