Horizonte (Apr 2018)

Entre peregrinação, turismo e liminaridade: a busca por lugares

  • Júlio Cézar Adam

DOI
https://doi.org/10.5752/P.2175-5841.2018v16n49p66-87

Abstract

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Este artigo reflete sobre o aspecto antropológico da peregrinação, o caminhar humano, como metáfora para a vida, como uma forma de se relacionar e entender a religião, a espiritualidade, a própria vida e o turismo como formas de peregrinação.Tomar-se-á para análise as peregrinações da tradição cristã, buscando entendê-las a partir da antropologia de Victor Turner, analisando a peregrinação como estado de liminaridade e liminóide. Concretamente se olhará o caso das Romarias da Terra no Brasil, como um exemplo de liminaridade/liminóide e communitas. Além disso, este artigo reflete sobre os “novos centros” de peregrinação, fora do âmbito religioso, como espaços da cultura pop ou a visita a locais turísticos e monumentos da memória social e cultural. O objetivo é entender para onde as pessoas têm peregrinado e qual o sentido dessas peregrinações. Neste deslocamento para fora do âmbito religioso, se pergunta se seria o turismo também uma forma de peregrinação. Ou faltaria ao turismo justamente o aspecto liminar, algo que poderia estar relacionado à análise de Bauman sobre o turista e o vagabundo? Suspeita-se que em um mundo globalizado os lugares perdem seu conteúdo e sua identidade. Pessoas passam pelos lugares, mas os lugares já não passam por elas. Com isso, o caminhar perde também sua função liminar.

Keywords