Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
EPIDEMIOLOGIA DA TUBERCULOSE EM PERNAMBUCO: UM ESTUDO DESCRITIVO DE 2018 A 2022
Abstract
Introdução/objetivo: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculose, que afeta os pulmões, mas pode se disseminar para os demais órgãos, causando a TB extrapulmonar (TBE). O Brasil está entre os 30 países com maior número de casos de tuberculose no mundo, mesmo sendo uma doença tratável. Dessa forma, o presente estudo objetivou analisar as características clínico-epidemiológicas da TB em Pernambuco (PE) entre os anos de 2018 e 2022. Metodologia: Este é um estudo epidemiológico descritivo com abordagem quantitativa. Para coleta e análise dos dados, utilizou-se a base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. A população foi constituída por 30.564 indivíduos, de idades variadas, notificados no sistema com TB no período de 2018 a 2022, residentes no estado de PE. A análise dos dados foi realizada através de cálculos de frequências absolutas e relativas das variáveis investigadas. Resultados: De 2018 a 2022, foram diagnosticados 30.564 casos de TB em PE, sendo 2022 o ano com o maior número (4.986) de casos, principalmente na região metropolitana de Recife. A faixa etária com o maior percentual foi de adultos com idades entre 25 e 34 anos (24,27% dos casos). Predominando a escolaridade, de 5ª a 8ª série, com ensino fundamental incompleto. O sexo com maior frequência foi em homens (70,40%). Quanto à forma da TB, o maior percentual foi de TB pulmonar (TBP) (83,84%). Entre os casos de TB extrapulmonar (TBE), predominaram os tipos ganglionar (41,30%), pleural (29,80%), miliar (10,30%) e meningoencefálica (8,33%). Entre os pacientes diagnosticados com TB, 8,51% tinham HIV, 20,59% eram etilistas, 9,05% eram diabéticos, 15,06% eram usuários de drogas ilícitas e 22,98% eram tabagistas. Conclusão: Em PE, houve um aumento no número de casos notificados de TB no ano de 2022 comparado aos anos anteriores. O período da pandemia de COVID-19 interferiu na continuidade do cuidado, prevenção e controle da TB. A maioria dos casos ocorreu em homens, jovens-adultos, com baixa escolaridade, sustentando a premissa de que TB atingem populações específicas em contexto de vulnerabilidade social, tendo grande influência dos Determinantes Sociais da Saúde. A maior frequência foi da TBP, que tem sua relevância na transmissão por se tratar de uma doença que se dissemina por via aérea. Além disso, uma parcela significativa dos pacientes tinham comorbidades como HIV, alcoolismo e diabetes, que precisam de melhor atendimento.