Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

TRIAGEM DE ALTOS TÍTULOS DE ANTI-A E ANTI-B (IGM E IGG) EM DOADORES DE PLAQUETAFÉRESE POR METODOLOGIA AUTOMATIZADA

  • SB Leite,
  • LO Garcia,
  • L Sekine,
  • JPM Franz

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S783

Abstract

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Introdução/objetivos: Em transfusões de hemocomponentes plasmáticos não-isogrupo, como o concentrado de plaquetas, há risco de desenvolvimento de uma reação hemolítica transfusional. Um dos fatores associados é a presença de altos títulos de anti-A e/ou anti-B. Uma vez que nem sempre é possível respeitar a compatibilidade ABO devido a oferta limitada, para orientar na seleção dos hemocomponentes é necessário realizar a titulação das plaquetaféreses. O objetivo do trabalho foi identificar a distribuição de altos títulos de anticorpos anti-A e anti-B em doadores de plaquetaféreses. Materiais e métodos: Foram analisadas amostras de doadores de plaquetaféreses no período de maio a julho de 2023 no Serviço de Hemoterapia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. As amostras foram processadas no equipamento automatizado NEO Iris®Immucor ‒ Fresenius Kabi, utilizando técnica de titulação seriada em microplaca para o título de IgM e IgG. As amostras de doadores O foram testadas tanto para IgM quanto IgG, enquanto as amostras de doadores A e B, apenas para IgM. O título de IgM foi testado em 4 pontos (≤16, 32, 64 e ≥128) e IgG em 8 pontos (≤16, 64, 128, 256, 512, 1024, 2048, ≥4096). O ponto de corte utilizado para IgM foi ≤32 e para IgG≤64. Resultados: A média de idade foi de 43,7 anos (18‒69 anos). A maioria era do sexo masculino (166%‒89,2%) e doadores de repetição (105%‒56,5%), que possuiam 3 ou mais doações no ano até o período avaliado. Das 186 doações, 93 (50,0%) eram do grupo O, 69 (37,1%) do grupo A, 16 (8,6%) do grupo B e 8 (4,3%) do grupo AB. Das aféreses do grupo O testadas para IgM, 64 (68,8%) apresentaram baixos títulos de anti-A e anti-B e 69 (74,1%) baixo título para anti-A, 84 (90,3%) baixo título para anti-B e 4 (4,3%) alto título para ambos. Para IgG, 44 (47,3%) apresentaram baixos títulos de anti-A e anti-B, 47 (50,5%) baixo título para anti-A, 79 (84,9%) baixo título para anti-B e 11 (11,8%) alto título para ambos. Das plaquetaféreses do grupo A, a maioria teve baixo título de anti-B (61%‒88,4%) e das plaquetaféreses do grupo B, 15 (93,7%) apresentaram baixo título de anti-A. Em 11 plaquetaféreses do grupo O, os títulos de IgM e IgG de anti-A foram considerados altos, enquanto apenas 2 apresentaram ambos os títulos altos para anti-B. Discussão: Os pontos de corte da titulação ABO são definidos de acordo com cada instituição, considerando principalmente a metodologia empregada. Além disso, deve-se avaliar a disponibilidade de hemocomponentes do Serviço e o perfil dos pacientes atendidos. Mesmo que o perfil de doadores apresente em sua maioria títulos baixos de anti-A e anti-B é importante salientar que a identificação de plaquetaféreses com altos títulos de anticorpos ABO pode contribuir para redução do risco de reação hemolítica transfusional. Com a implementação da avaliação dos títulos anti-A e anti-B da classe IgG, identificou-se uma redução do número de plaquetáfereses de 68,8% para 47,3% com títulos considerados seguros de acordo com o nosso Serviço. Desse modo, garantimos um aumento na segurança transfusional das plaquetáfereses do grupo O. Conclusão: A triagem de plaquetaféreses com altos títulos de anti-A e anti-B (IgM e IgG) é uma estratégia acessível de ser implementada na rotina da imunohematologia do doador, além de ser uma abordagem segura e de baixo custo para a transfusão de plaquetas ABO incompatíveis.