Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
OR-35 - EXPERIÊNCIA DE VIDA REAL DO USO DE ISAVUCONAZOL NO TRATAMENTO DE ASPERGILOSE INVASIVA NA ONCO-HEMATOLOGIA
Abstract
Introdução: Ensaios clínicos randomizados são conduzidos em uma população rigorosamente controlada mas podem não ser totalmente representativos de toda a população que será exposta ao novo produto. Objetivo: Resumir a experiência real do tratamento de episódios de aspergilose invasiva com isavuconazol em pacientes hematológicos atendidos em 4 hospitais em São Paulo, Brasil. Método: Estudo multicêntrico retrospectivo e observacional onde investigadores de 4 centros médicos foram convidados a coletar dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais de todos os episódios sequenciais de aspergilose documentados em pacientes hematológicos e tratados com isavuconazol entre janeiro de 2020 e abril de 2024. Um comitê independente de três investigadores auditou os dados para garantir precisão e integridade dos resultados. Resultados: 50 pacientes com aspergilose invasiva provada (4) ou provável (46) foram incluídos. A idade variou entre 18 e 82 anos, sendo 64% do sexo masculino. Todos testaram positivo para galactomanana. As doenças subjacentes incluíram LMA (13), SMD (9), MM (11), LNH (7), LLA (7), HPN (1), LLC (1) e mielofibrose (1). Condições de risco adicionais incluíram TCTH, neutropenia (20), doença ativa/remissão parcial (26), recidiva (5), DECH aguda (7) e crônica (7). 11 pacientes (8 com MM e 3 com LNH) desenvolveram COVID-19 grave simultaneamente. O isavuconazol foi primeira linha em 64% dos casos principalmente devido menor hepatotoxicidade (50%), nefrotoxicidade (26%), posologia (18%) e interação medicamentosa (6%). Foi segunda linha em 36% dos casos em 2 cenários: a) substituição do voriconazol por toxicidade hepática (2), neurológica (2) e falha em atingir o nível sérico (4); b) substituição da anfotericina B lipossomal em 10 pacientes. Nenhum tratamento foi interrompido devido à toxicidade específica do fármaco e apenas 2 casos de leucemias refratárias necessitaram associar anfotericina B lipossomal para infecção refratária. Taxas gerais de mortalidade foram de 28%, 40% e 46% às 4, 6 e 12 semanas. Conclusão: O estudo documenta a experiência da vida real no tratamento de 50 pacientes com aspergilose invasiva utilizando terapia com isavuconazol, incluindo 62% com neoplasias hematológicas recidivantes/ refratárias. A despeito dos cenários desfavoráveis apresentados pelas condições hematológicas subjacentes, foi documentada resposta parcial ou total em 60% dos pacientes após 6 semanas, além de confirmar a segurança e a tolerabilidade do antifúngico, conforme já observado em outros estudos.