Heródoto (Feb 2023)

Tradição de Penélope

  • Maria de Fátima Silva

DOI
https://doi.org/10.34024/herodoto.2022.v7.14811
Journal volume & issue
Vol. 7, no. 1

Abstract

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Qualquer reflexão sobre reescritas contemporâneas do mito de Penélope deverá estabelecer previamente os tópicos convencionais na tradição greco-latina, de que todas elas são devedoras. Fragilidade e sofrimento, violência e assédio, perspicácia e talento, reconhecimento e reencontro são motivos estruturantes dessa narrativa. Embora sabendo a difusão que, desde tempos remotos, se oculta por trás de referências fragmentárias, damos por certo que as raízes determinantes para todo esse lastro que perdurou, ininterrupto, ao longo dos séculos, são a Odisseia e Ovídio, Heroides. A literatura portuguesa também não se isentou do fascínio pelo episódio de Ítaca e pelo simbolismo que continha. A termos em conta apenas a poesia contemporânea, são múltiplos os autores que, de modo explícito, regressaram ao assunto. Desse património iremos considerar dois poetas, Miguel Torga e Manuel Alegre, de certo modo articulados no tratamento, temático e estético, que dedicam a Ulisses e Penélope.

Keywords