Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

PLASMOCITOMA MAXILAR COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE MIELOMA MÚLTIPLO: RELATO DE CASO

  • A Silveira,
  • MP Luizon,
  • JBCB Silva

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S210

Abstract

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Introdução: Os tumores de células plasmáticas são proliferações neoplásicas linfóides agrupadas entre os linfomas periféricos de células B. Podem afetar um único osso, uma condição chamada plasmocitoma solitário ou envolver apenas tecidos moles, plasmocitoma extramedular. O mieloma múltiplo (MM) é a gamopatia monoclonal sintomática mais importante e representa aproximadamente 1% de todos os cânceres e 10% de todas as neoplasias hematológicas. É caracterizada por muitos plasmócitos anormais na medula óssea e a alta produção de imunoglobulina monoclonal de cadeia leve ou de cadeia pesada. Materiais e métodos: Coleta de dados de prontuário e revisão da literatura com busca de artigos no “PubMed”. Relato de caso: Trata-se de um paciente do sexo masculino, 58 anos, diabético, hipertenso e com dislipidemia que foi encaminhado do serviço de odontologia há 5 meses devido a massa maxilar dolorosa. O resultado da biópsia maxilar foi plasmocitoma (CD138 e restrições para cadeia lambda, células negativas para AE1/AE3, CD3 e KAPPA, células com positividade local focal para CD20, KI-67>60%). Após avaliação, foram solicitados os seguintes exames, com respectivos resultados: imunofixação: presença de proteína monoclonal IgG/lambda e cadeia leve lambda isolada; proteinúria de 24 horas: 342 mg, imunofixação urinária: monoclonal IgG/lambda; a creatinina no início estava normal mas em menos de duas semanas ultrapassou o valor de 2,0 mg/dL; a albumina estava em torno de 3, g/dL e beta 2 microglobulina em torno de 5.000 ng/mL. Além disso, o mielograma era compatível com mieloma múltiplo (56% de plasmócitos) e a biópsia de medula óssea era hipercelular (75%) às custas de infiltrado plasmocitário multifocal e sólido, intersticial e paratrabecular, perfazendo cerca de 55% dos elementos nucleados, consistente com neoplasia plasmocitária. Discussão e conclusão: O MM é uma doença maligna progressiva de clones de plasmócitos em vários estágios de diferenciação. As manifestações orais do MM são as primeiras manifestações da doença em cerca de 14% dos pacientes. Podem incluir inchaço, dor, dormência, sangramento, dentes móveis, xerostomia, depósitos de amilóide, reabsorção e mobilidade radicular, anestesia labial e radiolucências e fraturas da mandíbula, e a prevalência varia de 2% a 70%. As colorações de imuno-histoquímica devem ser feitas para confirmar o plasmocitoma. O diagnóstico de MM pode ser estabelecido por exames laboratoriais, como achados hematológicos, bioquímicos, análise de urina e levantamento radiográfico esquelético. Os critérios diagnósticos para MM incluem evidências de lesões osteolíticas múltiplas, identificação de uma população de células plasmáticas atípicas na biópsia e anormalidades na produção de imunoglobulinas. O diagnóstico final foi MM, estágio III (ISS). Nesse caso, uma lesão maxilar foi o primeiro sinal de MM, reforçando o papel fundamental do cirurgião-dentista no reconhecimento e encaminhamento à hematologia para o diagnóstico precoce, que confirmava a sua suspeita.