Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)
INFECÇÃO POR CHRYSEOBACTERIUM INDOLÓGENES EM PACIENTES INTERNADOS POR COVID 19- RELATOS DE 2 CASOS
Abstract
Chryseobacterium indológenes é uma bactéria Gram negativa intrinsicamente multi droga resistente que pode causar infecções como bacteremia, pneumonia, meningite e de dispositivos intravasculares. Como há poucos casos descritos na literatura, relatamos 2 casos de pacientes internados com COVID19 que apresentaram infecções por esta bactéria. Caso 1: I.C.C., masculino, 41 anos, hipertenso, com tosse e febre desde 14/03/21. Evoluiu com dispnéia/ insuficiência respiratória e entubação em 23/03/21. PCR SARS COV2 positivo de 29/03/21. Teve sepse/ pneumonia associada à ventilação mecânica tratada com Meropenem, polimixina B a partir de 01/04/21. Hemocultura positiva para Chryseobacterium indológenes sensível a levofloxacina com o qual foi tratado, evoluindo bem e com alta hospitalar em 13/04/21. Caso 2: L.A.O.L, feminino, 52 anos, antecedente de hipotiroidismo, com início de sintomas respiratórios em 15/02/21 com RT PCR SARS COV2 positivo. Evoluiu com insuficiência respiratória sendo internada em 01/03/21 na UTI com diversas infecções tratadas (ITU, PAV, sepse/infecção de corrente sanguinea por Enterococcus faecalis e Chryseobacterium indológenes tratados com piperacilina tazobactan conforme cultura. C. Indológenes não é normalmente encontrado na flora humana mas é amplamente distribuída no solo, plantas, água e alimentos. No hospital pode ser encontrado nos sistemas de água e nas superfícies úmidas ( potenciais reservatórios de infecção). Dessa forma o paciente pode ser colonizado através de dispositivos médicos contaminados como respiradores, tubos endotraqueais, umidificadores. Embora a patogenicidade do C. Indológenes não esteja claramente definida, a produção de biofilme tem sido considerado responsável pela sua virulência. Resiste ao tratamento com cloro e pode sobreviver nos suprimentos de água. Chryseobacterium spp geralmente causam infecções em pacientes com doenças subjacentes/cateter intravascular, uso de antibioticoterapia de amplo espectro, imunossuprimidos. Alguns autores acreditam que após a introdução de colistina e tigeciclina houve aumento da prevalência de infecções por C. Indológenes, que é intrinsicamente resistente a carbapenêmicos devido a produção de betalactamases da classe A/B e que hidrolizam carbapenêmicos; aminoglicosídeos, cefalosporinas. De acordo com o SENTRY, mais de 90% sensibilidade foi encontrada para fluorquinolonas, sulfametoxazol trimetoprim e piperacilina tazobactan.