Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

CO-INFECÇÃO LEISHMANIOSE VISCERAL E HISTOPLASMOSE EM PACIENTE HIV POSITIVO

  • Francisco de Paula Rocha Aguiar Neto,
  • Letícia Maria Fernandes de Oliveira,
  • Pedro Allan Santos Silva,
  • Alice Mendes Duarte,
  • Jorge Júnior Amorim de Freitas,
  • Hareton Teixeira Vechi,
  • Monica Baumgardt Bay

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102120

Abstract

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Introdução: A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 30 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), e que, pelo menos um terço desta população, vive em áreas endêmicas de leishmaniose.No Brasil, isso ocorre principalmente na região Nordeste. A histoplasmose, ocorre em 5 a 10% dos pacientes HIV+ em áreas endêmicas e pode evoluir para a forma disseminada com taxas de mortalidade acima de 50%. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um paciente HIV+ do Nordeste Brasileiro, com co-infecção leishmaniose visceral e histoplasmose disseminada. Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 40 anos, que chega na emergência do hospital de referência em doenças infecciosas em maio de 2020, queixando-se de dor e distensão abdominal difusa, perda ponderal e diarréia com hematoquezia há 1 mês. Relatou surgimento de sudorese e calafrios na semana anterior. Há 7 meses, o paciente havia recebido diagnóstico de HIV e iniciou Terapia Antirretroviral (Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir) 15 dias antes da internação. Ao exame, estava febril (38°C), hipocorado, emagrecido com hepatoesplenomegalia e linfonodomegalias generalizadas. O hemograma demonstrou pancitopenia, e havia infiltrado miliar na radiografia de tórax. Apresentava contagem de linfócitos T CD4 de 04 cél/mm³ .Realizado Mielograma, que evidenciou estruturas compatíveis com Leishmania sp. em grande quantidade. Na mesma ocasião, foi detectada a presença de antígeno de Histoplasma capsulatum em amostra de urina. Diante do diagnóstico de leishmaniose visceral e histoplasmose disseminada, foi instituído tratamento com Anfotericina B Lipossomal, dose total de 520 mg. Recebeu alta em 03 de junho estável e sem queixas. Iniciou uso de Itraconazol nos últimos dias de internação e manteve a medicação em uso contínuo, assim como a profilaxia secundária com anfotericina B lipossomal a cada 14 dias. Conclusão: O presente relato traz demonstra a importância da conscientização acerca da co-infecção leishmaniose e histoplasmose em pacientes HIV+, em busca de disponibilizar informações acerca da vigilância dos casos, bem como recursos diagnósticos e manejo dos doentes. É válido destacar o caráter social relacionada às doenças, como na Leishmaniose, que é mais prevalente nas populações de baixa renda e baixo nível de escolaridade.