Remate de Males (Jul 2019)

Do museu como prisão de imagens ao triunfo da cidade como obra de arte total

  • Marcio Seligmann-Silva

DOI
https://doi.org/10.20396/remate.v39i1.8654024
Journal volume & issue
Vol. 39, no. 1

Abstract

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O texto apresenta inicialmente a crítica de Paul Valéry aos museus, anotada em seu artigo de 1923, “Le problème des musées”, que partia de um pressuposto que Benjamin posteriormente teorizou nos temos da arte aurática. Marcel Mauss e Bataille são introduzidos a partir da importância de suas ideias para se pensar a “virada etnológica” da nossa visão de arte e museu, que abalou a tradição estética eurocêntrica. Com Foucault pensa-se o museu como uma das figuras assumidas pela onipresença de heterotopias na modernidade. Recupera-se a reflexão de Adorno sobre os museus, inspirada em Valéry e em Proust, concluindo com sua tese, segundo a qual as artes se tornaram inscrições do sofrimento histórico. Retoma-se a gênese dos museus no século XIX como parte de uma ideologia ontotipológica, de criação da nação, do “próprio” em oposição ao “outro”. Em seguida retoma-se a concepção de Benjamin para quem a tradição foi explodida pela reprodução técnica e foi sugada pelas imagens cinematográficas. Conclui-se com a teoria de Vilém Flusser do fim dos museus e do triunfo da cidade como obra de arte total, Gesamtkunstwerk. Nota-se que a estetização da sociedade moderna pode tanto assumir um caráter fascista, como um caráter emancipador. Tudo depende de a visão lúdico-crítica da arte conseguir vencer as forças da censura que querem seu aniquilamento e a imposição de um pensamento totalitário.

Keywords