Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
OS IMPACTOS GERADOS PELA PANDEMIA DE COVID-19 NO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS E NO PROGRAMA DE STEWARDSHIP NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA EM UM HOSPITAL REFERÊNCIA EM DOENÇAS INFECCIOSAS DE SÃO PAULO/BRASIL
Abstract
Introdução/Objetivo: O uso excessivo e inadequado de antimicrobianos constitui uma problemática se tratando da Resistência Antimicrobiana reconhecida como uma ameaça global à Saúde Pública. O Gerenciamento do uso de Antimicrobianos requer diversos esforços e é fundamental o trabalho multiprofissional para a implantação e bom funcionamento do programa de Stewardship. A pandemia da COVID-19 acelerou a atual crise mundial de resistência aos antimicrobianos, sobretudo devido ao aumento do uso de antibióticos e devido às interrupções nas práticas de prevenção e controle de infecções em sistemas de saúde sobrecarregados. O objetivo foi verificar o consumo dos antimicrobianos da Instituição através da dose média diária (DDD) e seu impacto pré e durante a pandemia da Covid-19. Método: Estudo retrospectivo realizado entre 2018 e 2022, em um Hospital referência em Doenças Infecciosas do Estado de São Paulo. Os critérios para o consumo de antimicrobianos nas Unidades de Terapia Intensiva foi a Dose Média Diária (DDD) baseada nas recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Os antimicrobianos e antifúngicos avaliados para o cálculo do DDD foram: Ampicilina-sulbactam, Cefepima, Ceftazidima, Ceftriaxone, Ciprofloxacina, Ertapenem, Imipenem, Levofloxacina, Linezolida, Meropenem, Piperacilina-tazobactam, Sulfato de Polimixina B, Anfotericina B, Teicoplanina, Vancomicina, Daptomicina, Tigeciclina, Anidulafungina, Caspofungina, Micafungina, Fluconazol e Voriconazol. Resultados: Durante o período de 2018 a 2022, a maior média anual do consumo de Antimicrobianos foi no ano de 2020 (3732,91). As médias anuais mais baixas ocorreram no período pré-pandemia nos anos de 2018 (28,22) e 2019 (44,84). Nos anos seguintes ao início da pandemia houve um decréscimo importante no consumo dos antimicrobianos em 2021 (935,8) e 2022 (1169,52) provavelmente relacionados a melhores práticas institucionais como a utilização de procalcitonina e consequentemente diminuição do uso de ceftriaxone e piperacilina-tazobactam a partir de fevereiro de 2021 para os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave. Conclusão: A pandemia de Covid-19 trouxe um aumento significativo no consumo dos antimicrobianos na Unidade de Terapia Intensiva, entretanto se faz importante a adesão aos protocolos institucionais para a redução do consumo dos antimicrobianos e para a implantação de boas práticas do programa de Stewardship.