Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Apr 2011)

Sintomas urinários e função muscular do assoalho pélvico após o parto Urinary symptoms and the pelvic floor muscle function after delivery

  • Claudia Pignatti Ferederice,
  • Eliana Amaral,
  • Néville de Oliveira Ferreira

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-72032011000400007
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 4
pp. 188 – 195

Abstract

Read online

OBJETIVO: avaliar a prevalência de sintomas urinários e a associação da função muscular do assoalho pélvico com sintomas urinários de primíparas com 60 dias pós-parto vaginal com episiotomia e cesariana depois do trabalho de parto. MÉTODOS: análise tipo corte transversal da função muscular do assoalho pélvico 60 dias pós-parto de mulheres atendidas ambulatorialmente. Foi avaliada a função muscular (tônus basal, contração voluntária máxima e contração sustentada média) por eletromiografia de superfície e por graduação de força (graus 0-5). Em entrevista, foram identificados os sintomas urinários e excluídas as mulheres com dificuldade de compreensão, déficit motor/neurológico de membros inferiores, cirurgia pélvica prévia, diabetes, contraindicação para palpação vaginal e praticantes de exercícios para musculatura do assoalho pélvico. Foram utilizados os testes do χ2 e Exato de Fisher para comparar proporções e o teste Mann-Whitney para comparar médias. RESULTADOS: foram avaliadas 46 puérperas, com média de 63,7 dias pós-parto. Os sintomas mais prevalentes foram noctúria (19,6%), urgência (13%) e aumento de frequência urinária diurna (8,7%). Puérperas obesas e com sobrepeso tiveram 4,6 vezes mais queixa destes sintomas (RP=4,6 [IC95% 1,2-18,6; valor p=0.0194]). A perda urinária aos esforços foi a mais prevalente das incontinências (6,5%). Os valores médios encontrados para tônus de base, contração voluntária máxima e contração sustentada média foram 3µV, 14,6µV e 10,3µV e a maioria (56,5%) apresentou grau 3 de força muscular. Não se observou associação entre sintomas urinários e função muscular do assoalho pélvico. CONCLUSÃO: a prevalência de sintomas urinários foi baixa aos 60 dias pós-parto e não houve associação entre função muscular do assoalho pélvico e sintomas urinários.PURPOSE: to evaluate the prevalence of urinary symptoms and association between pelvic floor muscle function and urinary symptoms in primiparous women 60 days after vaginal delivery with episiotomy and cesarean section after labor. METHODS: a cross-sectional analysis was conducted on women from an out patient clinic in São Paulo state, Brazil, 60 days after delivery. Pelvic floor muscle function was assessed by surface electromyography (basal tone, maximal voluntary contraction and mean sustained contraction) and by a manual muscle test (grades 0-5). In an interview, the urinary symptoms were identified and women with difficulty to understand, with motor/neurological impairment, pelvic surgery, diabetes, restriction for vaginal palpation and practicing exercises forpelvic floor muscles were excluded. The χ2 and Fisher Exact test were used to compare proportions and the Mann-Whitney test was used to analyze mean differences. RESULTS: 46 primiparous were assessed on average 63.7 days postpartum. The most prevalent symptoms were nocturia (19.6%), urgency (13%) and increased daytime urinary frequency (8.7%). Obese and overweight women had 4.6 times more of these symptoms (PR=4.6 [95%CI; 1.2-18.6; p value=0.0194]). Stress urinary incontinence was the most prevalent incontinence (6.5%). The mean values found for the basic tone, maximal voluntary contraction and sustained contraction were: 3 µV, 14.6 µV and 10.3 µV. Most of the women (56.5%) had grade 3 muscular strength. There was no association between urinary symptoms and pelvic floor muscle function. CONCLUSION: the prevalence of urinary symptoms was low 60 days postpartum and there was no association between pelvic floor muscle function and urinary symptoms.

Keywords