Revista Brasileira de História da Educação (Jun 2024)
A sociologia sai da escola
Abstract
O artigo analisa, de uma perspectiva histórica, o contexto intelectual e político em que se operou, a partir da Reforma Capanema de 1942, a exclusão da sociologia como disciplina obrigatória do currículo das escolas secundárias. Partindo das interpretações que se cristalizaram em torno desse episódio-chave para a história das ciências sociais no Brasil, busca complexificar as leituras correntes à luz do exame das fontes primárias disponíveis, em especial daqueles presentes no Arquivo Gustavo Capanema. Conforme argumenta, a saída da sociologia das escolas esteve intimamente ligada às disputas em torno de sua cientificidade travadas pelos católicos, fração importante da base de apoio do Estado Novo. Como é possível depreender dos pareceres de intelectuais católicos contrários à permanência da sociologia como disciplina escolar, a crítica apontava para as visões secularistas e anticlericais que aquela ciência poderia veicular. Nesse sentido, razões políticas e ideológicas, e não apenas pragmáticas e operacionais, estiveram na raiz de sua exclusão da grade curricular
Keywords