Revista de Saúde Pública (Aug 2002)
Barreiras na relação clínico-paciente em dependentes de substâncias psicoativas procurando tratamento Doctor-patient relationship barriers to substance dependents seeking treatment
Abstract
INTRODUÇÃO: Conhecer as barreiras para a procura de tratamento por dependentes de substâncias psicoativas tem óbvias implicações clínicas e na saúde pública. Assim, objetivou-se construir hipóteses sobre variáveis psicológicas e sociofamiliares configuráveis como barreiras subjetivas para procura mais precoce por tratamento formal. MÉTODOS: Foi realizada pesquisa qualitativa exploratória sobre amostra intencional (fechada por saturação e variedade de tipos) de 13 dependentes de substâncias psicoativas que procuraram tratamento. Foram realizadas entrevistas semidirigidas com questões abertas, e o material transcrito foi submetido à análise qualitativa de conteúdo. RESULTADOS: As principais barreiras situadas na relação clínico-paciente caracterizaram-se pelo medo, por parte dos usuários, em relação a clínicos e instituições (percebidos como possuindo características "sádicas") e pela percepção, pelos mesmos, de um "distanciamento" clínico-paciente. CONCLUSÕES: Deve ser considerada, pelos clínicos, a possibilidade de ocorrência dessas barreiras para procura de tratamento por pacientes ou potenciais pacientes, e o sistema público de saúde deve considerá-las na elaboração de seu marketing institucional. Tópicos como "medo de ser maltratado" e "os clínicos não saberiam tratar" deveriam constar nos questionários estruturados dos estudos quantitativos que investigam a freqüência das diferentes barreiras para procura de tratamento por dependentes.INTRODUCTION: Knowing the barriers substance dependents come across when seeking treatment has medical and public health implications. The study's aim was to formulate hypothesis on psychological and social and familiar variables forming subjective barriers to early treatment. METHODS: A qualitative exploratory study was conducted in an intentional sample (selected through saturation and variety of types) of 13 substance dependents who sought treatment. In-depth open-question semi-structured interviews were conducted and the transcribed data underwent qualitative analysis. RESULTS: The main barriers in doctor-patient relationship were fear of doctors and facilities which are regarded as "sadistic," and the perception of doctor-patient "distancing." CONCLUSIONS: Health care professionals should take into consideration the existence of barriers to treatment and should bear this in mind when promoting their services. Issues such as "fear of being abused" and "doctors wouldn't know how to treat me" should be covered in structured questionnaires of further quantitative studies.
Keywords