Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)
AVALIAÇÃO DA ADESÃO AOS PROTOCOLOS DE INFECÇÃO LATENTE POR MYCOBACTERIUM TUBECULOSIS EM PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM HIV
Abstract
Introdução: A tuberculose é a principal causa de morbimortalidade em pessoas vivendo com HIV no mundo. A pesquisa de infecção latente ou seu tratamento é indicada para todos os pacientes, principalmente aqueles com CD4 menor que 350 no diagnóstico, porém a quantidade de pacientes seguindo as recomendações é incerta. Objetivo: Esse trabalho tem como objetivo avaliar a adesão ao protocolo de infecção latente por tuberculose em pacientes de um centro universitário em São Paulo. Método: Avaliação retrospectiva de prontuários de um centro terciário entre 2015 e 2022 com avaliação de adesão ao protocolo de tuberculose latente (tratamento universal ILTB para todos os pacientes com CD4 350 células, descartado Tuberculose ativa). Sexo, idade e parâmetros laboratoriais e clínicos foram avaliados: diagnóstico prévio de tuberculose, contagem de T CD4 ao diagnóstico, evolução para tuberculose ao longo do seguimento. Foi utilizado método de regressão logística para avaliação de Odds Ratio e intervalos de confiança de 95%. Resultados: Foram analisados 211 prontuários de pacientes com diagnóstico de HIV confirmado. 64% (n = 136) dos pacientes eram do sexo masculino, a média de idade ao diagnóstico foi de 44 anos, 9,4% dos pacientes (n = 20) tinham diagnóstico de tuberculose ao longo do seguimento. 54% dos pacientes apresentaram CD4 350 (n = 98), 25% (n = 25) realizaram rastreio para ILTB com 2 diagnósticos por PPD e um paciente recebendo tratamento. A taxa de adesão ao protocolo de tratamento do ministério da saúde para os pacientes com CD4>350 foi de 50%, enquanto dos pacientes com CD4350 e 1 no grupo com TCD4 <350. Conclusão: A pesquisa de tuberculose latente em PVHIV recém diagnosticados é inconsistente e a adesão aos protocolos é baixa. Possíveis causas para isso são, oferta inconsistente do teste tuberculínico na rede pública, risco de interação medicamentosa e toxicidade levando a pouca oferta de tratamento preventivo. É necessário um reforço na divulgação dos protocolos e treinamento dos profissionais-chave, incluindo a equipe multiprofissional, para melhorar a adesão ao tratamento ILTB.