Brazilian Neurosurgery (Mar 2010)
Correlação da topografia tumoral e edema peritumoral com a resposta terapêutica à administração intranasal do álcool perílico nos gliomas malignos recidivos
Abstract
Objetivo: Avaliar a correlação da topografia tumoral e edema peritumoral com a resposta terapêutica à administração intranasal do álcool perílico (AP) em uma coorte de pacientes com gliomas malignos recidivos. Métodos: Os autores revisaram retrospectivamente 67 pacientes com gliomas malignos recidivos que receberam administração intranasal de 440 mg de AP diariamente. Parâmetros avaliados incluíram aspectos clínicos e os de neuroimagem. Avaliação clínica incluiu dados demográficos, sintomas iniciais e sobrevida global. Dados de imagem incluíram topografia tumoral, volume tumoral, presença de desvio da linha média e extensão de edema peritumoral. Análise bioestatística foi realizada usando testes log rank. Sobrevida global foi medida e analisada pelo método de Kaplan Meier, incluindo intervalos de confiança de 95%. Resultados: Um total de 67 pacientes foi investigado, 52 (77,6%) com glioblastoma (GBM), 10 (14,9%) com astrocitoma anaplásico (AA) e 5 (7,4%) com oligodendrioglioma anaplásico (OA). Todos os cinco pacientes com OA apresentaram tumor de localização lobar. Nos AA, oito casos estavam localizados em região talâmica e dois em região lobar, enquanto que, nos GBM, 11 casos de localização talâmica e 41 lobares. A relação volume tumoral e edema peritumoral foi observada. Pacientes com regressão tumoral e edema peritumoral apresentaram resposta positiva enquanto que aqueles com regressão tumoral sem regressão do edema peritumoral não apresentaram boa evolução clínica. Pacientes com gliomas profundos sobreviveram significativamente mais tempo do que aqueles com gliomas lobares (log rank test, p = 0,0003). Presença de desvio da linha média (> 1 cm) foi estatisticamente significante como fator de risco para a sobrevida mais curta (log rank test, p = 0,0062). Conclusões: Este estudo sugere que: (1) pacientes com gliomas recidivos de localização profunda, estatisticamente, sobreviveram mais do que aqueles com tumores de localização lobar; (2) edema peritumoral é determinante na sintomatologia, provavelmente implicado na morbidade e pode estar relacionado com a característica invasiva dos gliomas malignos. Esses achados corroboram a teoria de que a interação entre as células dos gliomas e diferentes microambientes cerebral pode influenciar a fisiopatologia tumoral, resultando no desequilíbrio da homeostase tecidual e contribuindo para a piora do prognóstico.
Keywords