Revista Brasileira de Educação Médica ()

A Percepção do Supervisor do Provab sobre a Fixação do Médico na Atenção Primária à Saúde

  • Lyane Ramalho Cortez,
  • Eliana Costa Guerra,
  • Natércia Janine Dantas da Silveira,
  • Luiz Roberto Augusto Noro

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n2rb20180161
Journal volume & issue
Vol. 43, no. 2
pp. 48 – 57

Abstract

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RESUMO Atrair profissionais médicos para o trabalho na Atenção Primária em Saúde (APS) tem sido um desafio permanente para o Sistema Único de Saúde. A impossibilidade de educação continuada e permanente configura-se como um dos principais fatores impeditivos do provimento e da fixação de médicos na APS. O Programa de Valorização do profissional da Atenção Básica (PROVAB) trouxe como pressuposto o incentivo à Educação Permanente em Saúde (EPS) com ênfase na interação ensino-serviço-comunidade (IESC), contando com a presença de uma supervisão pedagógica composta por médicos capacitados para tal fim. O objetivo do presente estudo foi analisar os motivos que levaram um grupo de médicos de Natal, Rio Grande do Norte, participantes do Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (PROVAB), a permanecerem na Atenção Primária em Saúde por meio da precedência ao Programa Mais Médicos (PMM), a partir da percepção de seus supervisores. Para tanto, foi realizado estudo qualitativo por meio da técnica de grupo focal com sete supervisores médicos do PROVAB e do PMM. A análise de conteúdo identificou cinco categorias de análises temáticas: Contexto político do início dos programas; Perfil do supervisor pedagógico; Perfil do médico que fez precedência do PROVAB para o Programa Mais Médicos; Motivos de fixação do provabiano à APS; e Porque não escolher a APS para a vida? Evidenciou-se que o PROVAB funcionou como uma estratégia inicial de enfrentamento aos desafios de se fixar médicos à APS em consonância à remodelação da formação médica. Apesar do contexto político desfavorável nos anos que se seguiram à implementação do PROVAB, houve uma sinergia entre a supervisão e os médicos que se empoderaram para desenvolverem suas atividades proporcionando condições para enfrentamento das condições desfavoráveis. A aproximação com o contexto do território e as competências adquiridas no programa acerca da Atenção Primária em Saúde com desenvolvimento de vínculo com a comunidade funcionaram como fatores de estímulo para a permanência do médico na Atenção Primária em Saúde traduzindo-se na mudança do perfil do profissional que assimilou e adquiriu o componente social de trabalhar em áreas de grande vulnerabilidade. Esse movimento deve favorecer as mudanças previstas nos cursos de graduação em Medicina, evitando um retrocesso que tange aos vazios assistenciais, animando a luta que se constitui na busca por um Brasil em que o acesso universal à saúde e a um profissional médico não seja um privilégio de poucos, mas o direito garantido de todos.

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