Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

MASTITE CRÔNICA NÃO GRANULOMATOSA COM CULTURA POSITIVA PARA MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS

  • Lúcio Mauro Bisinotto Júnior,
  • Moara A.S.B. Borges,
  • Adriana Oliveira Guilarde,
  • Carolina A.E. Terceiro,
  • Isabella V. Martins,
  • Sebastião Alves Pinto,
  • Rosemar M.S. Rahal,
  • Luis Fernando de Pádua Oliveira,
  • João Alves de Araújo Filho,
  • Ruffo de Freitas Júnior

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102527

Abstract

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Introdução: A tuberculose extrapulmonar (TB EP) constituiu 15% das formas clínicas. O envolvimento cutâneo é relativamente incomum, representando menos de 2% dos EP, com formas mamárias < 0,1%. O histopatológico (HP) característico é o granuloma tuberculóide: acúmulo de histiócitos epitelióides e células gigantes do tipo Langhans com grau variável de necrose caseosa central e borda periférica com numerosos linfócitos. Embora os granulomas tuberculóides sejam um achado comum, sua detecção não confirma a presença de TB e sua ausência não exclui o diagnóstico. Objetivo: Descrever uma mastite crônica com múltiplas recidivas, biópsia não compatível com mastite granulomatosa e cultura com Mycobacterium tuberculosis. Resultados: Feminina, 59 anos, G3P3, portadora de HAS, obesidade, dislipidemia, tabagista. Em 07/2020 foi identificado nódulo mamário à esquerda (E), hipoecoico, heterogêneo, lobulado, 2 × 1 cm ao ultrassom (US), biopsiado em 11/2020. HP descrevia tecido mamário benigno, ectasia ductal, fibroadenose, infiltrado inflamatório linfomononuclear com exsudação neutrofílica. Pesquisas para fungos e BAAR negativas. Em 04/2021 evoluiu com hiperemia, edema, mastalgia à E e presença de abscesso de 2 × 2cm. Negava febre, tosse, emagrecimento ou astenia. Apresentou novas reagudizações do quadro, com fistulização recorrente, tendo feito uso de diversos antibióticos (clindamicina, cefalexina, amoxicilina-clavulanato, ciprofloxacina, sulfametoxazol-trimetoprima). Secreção de abscesso drenado em 01/2022 teve baciloscopia negativa e crescimento de Proteus mirabilis multi-sensível, tratado com amoxi-clav, com resolução parcial do quadro. Após dois meses, o serviço de controle de infecção recebeu cultura para micobactérias positiva para o Complexo MTB em secreção mamária. Em consulta com infectologia foi iniciado esquema RIPE: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Houve nova drenagem espontânea de abscesso e após 20 dias de RIPE, paciente teve melhora da dor, cicatrização da fístula, mantendo área de hiperemia e enduração. TRM-TB em escarro foi não detectado, sem outro foco. Mantém tratamento com infectologia e mastologia. Conclusão: O diagnóstico de TB mamária é desafiador, depende de alta suspeição, coleta de materiais e envio para estudo microbiológico. Cultura ainda é padrão ouro, mas é demorada e tem baixa sensibilidade em formas paucibacilares. O HP pode não apresentar granuloma tuberculoide. O teste rápido molecular para TB poderia aumentar a sensibilidade e precocidade da sua identificação no tecido.