Tempo Social (Dec 1991)
Notas rocambolescas: histórias de escusos heróis
Abstract
O artigo parte da aproximação, aparentemente insólita, de dois textos: 1) Proezas de Rocambole (1857-1870), folhetim de Ponson du Terrail, cujo núcleo inicial trata de uma sociedade secreta, o Clube dos Valetes de Copas, chefiada pelo "vil" conde Andrea, e depois por seu sobrinho, Rocambole; 2) O 18º Brumário de Luís Bonaparte (1852), de Karl Marx, que narra, como um romance policial, a ascensão do sobrinho de Napoleão a partir da sociedade secreta 10 de Dezembro, e as aventuras reais e farsescas de um "canalha medíocre". Faz-se notar que a própria imprensa francesa da época assimilou a figura de Rocambole com a do Imperador. Comenta-se a atualidade de Rocambole e tenta-se uma definição do rocambolesco, nesta época de corrupção e violência. Ressalta-se a ambígua atração que aventuras de escusos heróis, tratadas com delírio imaginativo e ritmo desenfreado, exercem sobre os leitores, tomando como exemplos Machado de Assis e Graciliano Ramos.
Keywords