Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA EFICÁCIA DO RUSFERTIDE EM PACIENTES COM POLICITEMIA VERA
Abstract
Objetivos: Investigar a eficácia terapêutica de um fármaco mimético da hepcidina, Rusfertide, que tem sido pesquisado como uma opção inovadora na restauração da homeostase em diversos distúrbios hematológicos, inclusive na Policitemia Vera (PV). Metodologia: Revisão de literatura realizada em junho de 2024, utilizando as plataformas Pubmed. Foi adotado como filtro, publicações de 2020 a 2024 e encontrados 100 artigos. Desses, foram utilizados 10 artigos, que estão disponíveis na íntegra e publicados em inglês. Resultados: Após análise de estudos com pacientes que possuem PV leve e severa, foi observado que a taxa de Flebotomia terapêutica (FT) decaiu após as primeiras semanas com o uso do fármaco. Todos os pacientes apresentaram efeitos adversos, variando em graus de severidade, onde os de grau leve apresentaram reações no local da injeção (eritema), mas foi controlada ao decorrer do tratamento, e a variação do número de leucócitos, onde parte dos pacientes apresentaram valores normais da série branca e outra apresentou uma leucocitose sem causa aparente. Já os pacientes com efeitos adversos graves, foi observado uma trombocitose assintomática, Leucemia Mieloide Aguda e infarto do miocárdio, em PV severa. Além disso, todos os pacientes em tratamento apresentaram uma redução do hematócrito (Ht) para 45% em que anteriormente apresentaram valores superiores a 55% e 43% dos indivíduos estudados tiveram uma redução da frequência de FT. Discussão: A PV é uma neoplasia mieloproliferativa crônica caracterizada por uma mutação pontual no gene JAK2, que resulta na produção excessiva de células sanguíneas e está associada a complicações graves, como trombose e hemorragia. Os tratamentos convencionais, como a FT e as terapias citorredutoras, causam limitações e não aliviam adequadamente os sintomas dos pacientes. Com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida e um controle mais eficaz da doença, foi desenvolvido o Rusfertide, um fármaco injetável que mimetiza a hepcidina, responsável pela regulação do ferro no organismo. Está sendo testado em ensaios clínicos para pacientes que dependem de FT. Esta nova abordagem tem demonstrado resultados encorajadores, como a capacidade de controlar o Ht, diminuir a frequência de FT necessárias e aliviar sintomas. O tratamento tem benefícios, pois houve o controle da neoplasia da maioria dos pacientes em tratamento. Além disso, a FT diminuiu ou cessou em todos os pacientes após o início do tratamento com Rusfertide, independentemente da categoria de risco de PV ou de tratamentos concomitantes. Essa redução do número de FT, além de possuir vantagens terapêuticas, também pode aumentar a qualidade de vida do paciente, visto que a necessidade de monitoramento constante e procedimentos invasivos limita a sua autonomia. Portanto, é sugestivo que a terapia possa melhorar o controle do Ht e diminuir o uso da FT. Conclusão: Apesar das reações adversas e da necessidade de mais pesquisas, devido a melhora da qualidade de vida do paciente, o tratamento com o Rusfertide se mostra promissor. Este fármaco pode se tornar uma ferramenta adicional para o controle desta doença, a partir de seu mecanismo de ação, que irá atingir e sustentar o controle do Ht em pacientes com PV, reduzindo o uso de FT e a ocorrência de sintomas debilitantes relacionados à doença.