Estudos Ibero Americanos (Jan 2021)
“Sin senderos prefijados”: a defesa da autonomia feminista nas páginas de Brujas (1981-1996) = “Sin senderos prefijados”: the defense of feminist autonomy in the pages of Brujas (1981-1996) = “Sin senderos prefijados”: la defensa de la autonomía feminista en las páginas de Brujas (1981-1996)
Abstract
Entre os anos de 1980 e 1990, diversos países latino-americanos, a exemplo da Argentina, do Brasil e do Chile, retornaram à via democrática. Não obstante, foi nesse mesmo período que muitos adotaram ou fortaleceram projetos neoliberais. Essa profunda mudança política, marcada pela diminuição do papel do Estado, foi acompanhada por uma rápida expansão das Organizações Não Governamentais (ONGs) e pela incorporação de alguns pontos da agenda feminista pelo Estado. Essa nova ordem sociopolítica resultou no processo de “onguização”, isto é, alterações estruturais que passaram a modelar as ONGs, as quais passaram a desenvolver projetos, financiados por agências de cooperação internacional, contendo, na maioria das vezes, equipes especializadas e remuneradas. Muitos movimentos sociais se institucionalizaram, entre eles, coletivos feministas latino-americanos. Este fato levou a importantes interrogações sobre a capacidade de autonomia do movimento e a eficácia de tais projetos na transformação da realidade feminina. Isto é, questionou-se se esse novo campo de atuação provocaria uma substituição da antiga militante pela “especialista de gênero”, diminuindo a tônica do engajamento feminista. Frente a essas questões, este artigo busca apresentar como esse debate figurou na revista Brujas, publicada pela Asociación de Trabajo y Estudio de la Mujer “25 de noviembre” (ATEM), em Buenos Aires, Argentina, entre os anos de 1983 e 1996