Figura (Dec 2020)
O diadema e Alexandre
Abstract
A ascensão de Alexandre, filho de Olímpia e Filipe, como rei da Macedônia certamente constitui um dos capítulos mais debatidos e fascinantes da história antiga do mundo mediterrâneo. A experiência macedônica modificou de forma permanente o contexto político da região, e, nesse sentido, há muito se debate acerca da natureza do novo e efêmero império fundado por Alexandre após a conquista do império persa. Para se tratar disso, um elemento se apresenta como fundamental: o diadema. Este adereço sem nenhuma complexidade ornamental aparente, mas de uma importância simbólica notável, já ao fim da vida de Alexandre se tornou a insígnia identificadora de seu poder real. Levando isso em consideração, torna-se evidente que compreender o diadema - isto é, sua origem, representação, e emulações -é determinante para se elaborar respostas mais convincentes sobre o caráter do novo império alexandrino. Pretende-se aqui demonstrar que a adoção do diadema é uma evidência de queAlexandre não deu sinais de que, dessa forma, sucedia a Dario como novo rei persa, tampouco dava continuidade a antiga tradição monárquica macedônica ou fundava um império essencialmente grego. Ao contrário, a adoção desse adereço como insígnia típica da realeza vai ao encontro da ideia de que o império de Alexandre deve ser encarado como uma experiência original que traduzia na própria representação real seu caráter multicultural.