Anuário do Instituto de Geociências (Sep 2017)

Huge Miocene Crocodilians From Western Europe: Predation, Comparisons with the “False Gharial” and Size

  • Miguel Telles Antunes

DOI
https://doi.org/10.11137/2017_3_117_130
Journal volume & issue
Vol. 40, no. 3
pp. 117 – 130

Abstract

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mo Dentes de mastodonte mordidos, inéditos, demonstram que a predação pelos enormes Tomistoma lusitanica, que existiram na região de Lisboa e Península de Setúbal do Miocénico inferior ao início do superior, incluía os maiores mamíferos terrestres de então: os mastodontes Gomphotherium angustidens, mesmo adultos e senis, um dos quais teria, em estimativa não rigorosa, uns 50 anos à morte. São discutidos efeitos de dentadas, bem como os caracteres de impressões devidas ao impacte, intenso atrito e eventual esmagamento. A dentição de indivíduos de porte muito grande desempenharia papel de preensão e, também, de verdadeiros moinhos de dentes para triturar peças duras. Efeitos de esmagamento, não derivado de causas tectónicas, foram também observados num suídeo. Os resultados podem significar que a razão básica da ictiofagia prevalecente nos “falsos-gaviais” actuais, Tomistoma schlegelii, pode estar relacionada com a pressão humana que os inibe de atingirem o máximo tamanho possível e, por conseguinte, de capturarem presas maiores. É realçada a importância da imigração a partir da Ásia e das afinidades biogeográficas, a qual parece óbvia dada a presença simultânea de Tomistoma e Gavialis no extremo ocidental da Eurásia. Dados muito diferentes acerca da África do Norte não contradizem este ponto de vista. Extrapolações baseadas nos falsos-gaviais miocénicos contribuem para melhor conhecimento da espécie actual. As semelhanças são ainda maiores tendo em conta os caracteres cranianos de T. lusitanica comparativamente ao maior crânio conhecido dentre todas as espécies actuais, o de um T. schlegelii. A estimativa do comprimento total de Tomistoma lusitanica, que algo excedia os 8 metros, confirma que se trata de animais gigantescos, predadores de topo capazes de atacar presas de porte muito grande. Também aproveitavam cadáveres. O porte máximo parece ter atingido o de Ramphosuchus crassidens dos Siwaliks, há muito considerado como o nec plus ultra, em tamanho, dentre todos os crocodilos do Neogénico. Tomistoma lusitanica foi um dos maiores crocodilos de sempre, e mesmo o maior réptil do ocidente europeu após a Era dos dinossauros.

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