Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
SÍNDROME OCULOGLANDULAR DE PARINAUD POR SPOROTHRIX SP. NO ESTADO DO PERNAMBUCO
Abstract
Introdução e objetivos: A Síndrome Oculoglandular de Parinaud manifesta-se como uma conjuntivite granulomatosa não supurativa, unilateral associada à linfadenopatia pré-auricular e submandibular. Classicamente é ocasionada pela bactéria Bartonella hanselae, que por sua vez apresenta a pulga do gato como principal vetor, todavia, Sporothrix spp. têm se destacado como agente etiológico. Assim, o objetivo do estudo foi descrever a ocorrência de Síndrome Oculoglandular de Parinaud causada por Sporothrix spp. em área endêmica para a esporotricose. Métodos: A pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Pernambuco e está sob protocolo CAAE: 52143021.5.3001.8807. Tratou-se de uma pesquisa descritiva que teve como público-alvo os pacientes atendidos no Laboratório Multiusuário de Pesquisa e Diagnóstico em Doenças Tropicais do Serviço de Dermatologia de um hospital terciário do Recife, Pernambuco, no período de 2020 a 2022. Os registros internos foram avaliados e variáveis clínico-epidemiológicas foram descritas. Resultados: Foram atendidos no local do estudo 889 pacientes, destes, 34,2% (n=304) possuíam suspeita clínica de esporotricose, com diagnóstico laboratorial confirmado para 46,1% (n=140). Dentre os pacientes com esporotricose confirmada, 15,7% (n=22) foram diagnosticados com Síndrome Oculoglandular de Parinaud, por meio de exame clínico e avaliação laboratorial das características macromorfológicas e micromorfológicas de Sporothrix spp. cultivados em Ágar mycosel. Houve maior acometimento do público feminino (63,6%; n=14/22), com uma idade média de 31,4 anos para ambos os gêneros. Quanto as ocupações declaradas pelos pacientes, 31,8% (n=7/22) eram estudantes. A Região Metropolitana do Recife abrigou o maior número de pacientes (68,0%; n=15/22). Com relação a fonte de infecção, 54,5% (n=12/22) dos pacientes referiram contato com gatos doentes, onde o espirro do felino, bem como, arranhadura e/ou mordedura são as principais formas de transmissão. Quanto ao tratamento, 54,5% (n=12/22) fizeram uso de itraconazol previamente a coleta. Conclusão: Neste contexto, a avaliação clínico-epidemiológica e laboratorial dos casos de conjuntivite granulomatosa são mandatórios para esclarecer a etiologia da infecção e proporcionar um tratamento confiável aos pacientes.