Revista Brasileira de Reumatologia (Dec 2012)

Concomitância de autoanticorpos na esclerose sistêmica: como interpretar? Autoantibodies coexistence in systemic sclerosis: how to interpret it?

  • Scheila Fritsch,
  • Vanessa Irusta Dal Pizzol,
  • Eduardo dos Santos Paiva,
  • Carolina de Souza Muller

DOI
https://doi.org/10.1590/S0482-50042012000600012
Journal volume & issue
Vol. 52, no. 6
pp. 952 – 955

Abstract

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Os autoanticorpos possivelmente influenciam as manifestações clínicas da esclerose sistêmica (ES). Essa correlação clínico-sorológica, associada à insuficiência de casos de concomitância de autoanticorpos, originou o paradigma histórico de que seriam mutuamente excludentes. Porém, pode-se questionar essa tese. Poderia a multiplicidade de autoanticorpos significar a coexistência de duas patologias distintas? Por outro lado, se assumidos como anticorpos específicos de uma doença única, essa multiplicidade seria um evento aleatório ou representaria um subgrupo distinto de pacientes, com características clínicas, patogênicas e imunogenéticas próprias? A prevalência de autoanticorpos na ES precoce é elevada. Entretanto, a duplicidade do anticorpo anticentrômero (AAC) e do anticorpo antitopoisomerase 1 (AAT) é um evento raro. Já a coexistência de AAC, AAT e anticorpo anti-RNA polimerase (anti-RNA-P) III ainda não foi descrita em um paciente isolado. Neste relato, com positividade para AAC, AAT e anti-RNA-P III, notamos manifestações vasculares precoces e posterior comprometimento cutâneo limitado. Este parece ser o primeiro relato de concomitância de três autoanticorpos específicos em um paciente com ES. Acreditamos que essa coexistência representa um subgrupo sorológico raro de uma única doença, com possível valor clínico e prognóstico - porém, ainda há necessidade de confirmação.Autoantibodies possibly influence clinical manifestations of systemic sclerosis (SSc). This clinical-serological correlation, associated with the paucity of autoantibodies concomitance, gave rise to the historical paradigm of autoantibodies mutual exclusivity. However, one can question this assumption. Does autoantibodies concomitance mean coexistence of two different entities? On the other hand, if considered a unique disease, is this phenomenon a random event or does it represent a distinct subgroup of patients, with peculiar clinical, pathogenic, and immunogenetic characteristics? The autoantibodies' prevalence in early SSc is high. However, anti-centromere antibody (ACA) and antitopoisomerase 1 antibody (ATA) duplicity is a rare event. Similarly, the ACA, ATA, and anti-RNA polymerase (anti-RNA-P) III coexistence have not been described yet in single patient. In the reported case, with ACA, ATA, and anti-RNA-P III positivity, we have noted early vascular manifestations and late limited cutaneous involvement. This is, to our knowledge, the first report of three concomitant specific autoantibodies in a patient with SSc. We do believe this coexistence represents a rare serologic subgroup of a unique disease, with possible clinical and prognostic value, although this remains to be confirmed.

Keywords