Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

INCIDÊNCIA DE ANEMIAS NA POPULAÇÃO DO CENTRO-OESTE

  • MPP Oliveira,
  • LS Oliveira,
  • JAGG Rodrigues,
  • MF Dias,
  • LS Gorjão,
  • WO Santos,
  • AB Mingati,
  • YAS Ivanoski,
  • TS Aquino,
  • GC Vieira

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S1094 – S1095

Abstract

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Objetivo: Revisar e analisar as características epidemiológicas da anemia na região Centro-Oeste (CO), com o objetivo de identificar os fatores de risco e os padrões de incidência, visando à implementação de estratégias eficazes para controlar a progressão da doença. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, realizado na região CO com base em dados fornecidos pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. O período investigado abrangeu de 2013 a 2023 e a coleta foi realizada em maio de 2024. A pesquisa centrou-se nos casos diagnosticados de anemia, examinando variáveis como faixa etária, cor/raça, sexo e o estado com maior incidência. Resultados: Durante o período analisado, foram diagnosticados 28.415.326 casos de anemia. A faixa etária de 60 a 69 anos representa a maior morbidade, com 11,1% (3.157.326) dos casos. Em relação a etnia, a raça parda foi a maior acometida, com 47,7% (13.570.496) do total de casos. Quanto a incidência por sexo, as mulheres foram as mais afetadas, com um total de 52,4% (14.908.224). O estado de Goiás teve destaque em relação à morbidade, representando 37,89% (10.767.479) dos casos. Discussão: A partir dos resultados, pode-se explicar a maior incidência de morbidade entre os pacientes de 60 a 69 anos (11,1%) por deficiências nutricionais, tendo a anemia ferropriva como a principal causa, além da anemia da doença crônica e pelas anemias ditas inexplicadas, caracterizada predominantemente pela síndrome mielodisplásica, e também pelos sangramentos do trato gastrointestinal. Segundo o censo demográfico de 2022, 52,4% da população do CO se identifica como parda, o que pode justificar o valor encontrado por esta pesquisa (47,7%), além da disparidade socioeconômica que afeta o acesso aos cuidados de saúde por essa população. O fator genético também influencia, dado que a anemia falciforme e as talassemias são mais frequentes na população parda. As mulheres possuem maior predomínio (52,4%), o que se explica pela alta demanda de ferro decorrente das perdas menstruais durante a idade fértil. Já na pós-menopausa evidencia-se os sangramentos gastrointestinais. O estado de Goiás obteve a maior taxa de morbidade (37,89%), reflexo de sua população ser a maior do CO, segundo o último censo, e também ser a que mais procura e consegue atendimento médico no Brasil, segundo o Programa Nacional de Saúde de 2019, caracterizando uma infraestrutura em saúde eficiente, porém com poucas práticas de prevenção. Conclusão: A análise revelou maior morbidade na faixa etária de 60 a 69 anos, possivelmente devido a deficiências nutricionais e doenças crônicas. Há maior prevalência de anemia na população parda, refletindo a composição demográfica da região, disparidades socioeconômicas e fatores genéticos. As mulheres foram mais afetadas, principalmente devido às perdas menstruais e condições associadas à pós-menopausa. Goiás destacou-se com as maiores taxas de morbidade, o que reflete sua maior população e melhor acesso a serviços de saúde, mas aponta carência de práticas preventivas eficazes. As políticas de saúde no CO devem focar na detecção precoce e tratamento da anemia, especialmente em idosos, mulheres em idade fértil e população parda. Educação em saúde e melhor acesso a cuidados médicos são essenciais para reduzir a incidência e complicações da doença.