Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

LINFOMA DE CÉLULAS DO MANTO POSITIVO PARA CICLINA D1 CRÍPTICA ATÍPICA: UM RELATO DE CASO

  • JC Faccin,
  • FB Patricio,
  • CC Miranda,
  • IS Barbosa,
  • ACB Edir,
  • T Borgonovo,
  • LW Merfort,
  • GMO Rosendo,
  • AP Azambuja,
  • SK Nabhan

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S285 – S286

Abstract

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Introdução: O linfoma de células do manto (LCM) representa 5% de todos os linfomas não-Hodgkin e o seu diagnóstico requer a integração entre morfologia e imunofenótipo apoiada pela superexpressão da ciclina D1 através da t(11; 14)(q13; q32) em 95% dos casos. Apesar disso, a superexpressão de ciclina D1 pode ocorrer sem rearranjo gênico detectado por citogenética ou FISH. Objetivo: Reforçar a possibilidade do diagnóstico de LCM na ausência do rearranjo gênico clássico. Relato de caso: Masculino de 70 anos, hipertenso bem controlado, encaminhado para a hematologia, assintomático, por bicitopenia discreta (anemia normocítica e normocrômica normoproliferativa e plaquetopenia) além de leucocitose às custas de células de aspecto imaturo com características linfoides. À admissão, apresentou-se com linfonodomegalias pequenas em cadeia cervical, axilar e inguinal bem como hepatoesplenomegalia pequena. O hemograma tinha hemoglobina de 11,2, leucócitos de 15.300 com 64% de células de características linfoides e plaquetas de 123.000. As tomografias evidenciaram linfonodomegalias em tórax, abdome e pelve, algumas formando conglomerados (a maior na cadeia para-aórtica esquerda, de 43 mm) além de nódulos não calcificados no lobo inferior direito suspeitos para lesões de natureza neoplásica. A biópsia do linfonodo cervical identificou proliferação de linfócitos B, CD5+ e com superexpressão de ciclina D1 além de Ki67 de 40 a 50%, compatível com LCM. A medula óssea estava infiltrada pelas mesmas células, mas o cariótipo apresentava 36̃45,XY,+mar(4)/46,XY(16) e o FISH para t(11;14) e 17p era negativo. Discussão: Dentre os casos de LCM a t(11; 14)(q13; q32) é identificada por citogenética convencional e FISH ematé 75% e entre 80 e 100% dos casos, respectivamente. Embora a ausência do rearranjo gênico detectado por citogenética ou FISH questione o diagnóstico de LCM, outros fatores podem justificar a superexpressão da ciclina D1 como erros técnicos na realização do exame, mosaicismo baixo, outras alterações citogenéticas incluindo translocações crípticas (principalmente em casos com cromossomo marcador). A justaposição do gene da cadeia pesada de imunoglobulina com o gene da ciclina D1 ativa quinases dependentes de ciclina que fosforilam e superam efeitos inibitórios do ciclo celular corroborando para a proliferação das células. Dentre as alterações citogenéticas alternativas estão: t(2;11)(p11;q13), t(11;22)(q13;q11.2), t(6;14)(p21.2;q32), ins(14;11)(q32,q13q13), t(11:19,14)(q13;q13;q32), t(14;16)(q32;q23), t(14;20)(q32;q12), t(1;11;14)(q32;q13;q32), t(3;14;11)(q21;q32;q13) e t(4;14) (16;q32). Conclusão: Relatamos o caso raro de um paciente com diagnóstico de LCM sem rearranjo gênico clássico detectado por citogenética ou FISH, mas com superexpressão da ciclina D1 possivelmente justificada por translocação críptica visto presença de marcador (resultante de alterações estruturais de origem indefinida).