Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

  • IB Assuf,
  • VA Mendes,
  • GT Brauns,
  • APS Turano,
  • GN Alencar,
  • IC Fontoura,
  • GVS Torres,
  • LCSG Silva,
  • CS Rodrigues,
  • E Bruno-Riscarolli

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S461 – S462

Abstract

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Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com síndromes mielodisplásicas (SMD) na região Sudeste do Brasil nos últimos 10 anos. Material e métodos: Estudo ecológico realizado em maio de 2024 utilizando dados públicos referentes aos diagnósticos de SMD na região Sudeste do Brasil, por local de residência, entre os anos de 2014 a 2023. Os dados públicos foram obtidos do Painel de Oncologia Brasil e as variáveis selecionadas foram: sexo, faixa etária, ano do diagnóstico, e residência na região Sudeste. Não foi necessária a submissão ao Comite de Ética e Pesquisa pois são dados de acesso público, relevantes para entendimento do perfil epidemiológico de doenças e elaboração de intervenções de saúde direcionadas. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação dos dados e cálculos realizados. Resultados: Foram diagnosticados 4.095 casos de SMD entre 2014 e 2023 na região Sudeste do Brasil, com aumento importante no número de casos diagnosticados a partir de 2019 em relação aos anos anteriores. De 2014 a 2023 foram registrados, respectivamente: 237 (5,8%), 208 (5,1%), 226 (5,5%), 242 (5,9%), 354 (8,6%), 612 (14,9%), 496 (12,1%), 491 (12,0%), 574 (14,0%), 655 (16,0%) casos na região Sudeste, sendo 2023 os ano com maior número. Quanto ao sexo, 48,9% dos casos foram no sexo masculino e 51,1% no feminino. A faixa etária com mais casos em ambos os sexos foi a de 80 anos ou mais (15,6%). Discussão: As SMD são um grupo heterogêneo de neoplasias hematológicas caracterizadas por uma displasia das células hematopoiéticas na medula óssea, levando a uma produção inadequada e disfuncional das células sanguíneas. Segundo a literatura, as SMD são ligeiramente mais comuns em homens do que em mulheres, diferentemente dos resultados encontrados neste estudo, no qual o predomínio entre os sexos variou ao longo dos anos, porém, no total dos anos estudados, a maioria dos casos foi no sexo feminino. Também é descrito que a taxa de incidência tende a aumentar com a idade, sendo significativamente mais alta em populações acima de 60 anos, corroborando os dados encontrados neste trabalho, no qual as faixas etárias com maior número de casos foi de 80 anos ou mais, seguida de 70 a 74 anos. Cabe ressaltar que o Painel de Oncologia Brasil não dispõe nos registros dados referentes à classificação das SMD e às comorbidades e outros dados referentes aos pacientes. Conclusão: Observou-se um aumento importante nos diagnósticos de SMD no Brasil nos últimos anos, principalmente a partir de 2019. Uma hipótese para esse aumento é a melhora das técnicas diagnósticas nesta área, sendo possível diagnosticar casos que anteriormente ficavam sem diagnóstico claro, associada ao aumento da expectativa de vida da população – já que é uma doença que acomete indivíduos mais velhos. Em relação ao sexo, a maioria dos casos foram no sexo feminino, diferente do descrito pela literatura. Já quanto à faixa etária, foi predominante em pacientes com 80 anos ou mais, o que corrobora com os dados da literatura. Esses dados reforçam a necessidade de estratégias de saúde pública direcionadas para perfil epidemiológico mais acometido pelas SMD no Brasil. Trabalhos com outros desenhos de estudo são necessários para uma avaliação mais detalhada acerca do perfil epidemiológico das SMD levando em conta sua classificação, visto que cada tipo possui características distintas.