Ambiente & Sociedade (Dec 2005)

Ética e técnica? Dialogando com Marx, Spengler, Jünger, Heidegger e Jonas Ethics and technology? Dialoguing with Marx, Spengler, Jünger, Heidegger and Jonas

  • Franz Josef Brüseke

DOI
https://doi.org/10.1590/S1414-753X2005000200003
Journal volume & issue
Vol. 8, no. 2
pp. 37 – 52

Abstract

Read online

O século XIX entendeu a técnica como um elemento central do progresso histórico, mudando nas primeiras décadas do século XX essa perspectiva. mas a crítica à técnica formulada entre as duas guerras mundiais nos vieses da crítica à cultura e, de forma emblemática, presente na obra de Oswald Spengler, ainda não coloca a técnica em relação à ética. Neste tempo do interludium bellicum (1918-1939),articula-se uma compreensão da técnica emancipada de qualquer dimensão metafísica e artística, por um lado e, por outro lado, vê-se um recarregamento da técnica com uma promessa salvacionista, utópica ou heróica, não obstante, totalmente absorvida por uma concepção materialista do mundo, concebido enquanto campo de batalha (Ernst Jünger). Martin Heidegger elaborou, no final dos anos trinta e em meados dos anos quarenta, em um movimento de distanciamento intelectual da sua época, as bases de uma filosofia da técnica com grandes repercussões. Um dos seus alunos, Hans Jonas, tenta de forma original, mas não livre de equívocos, apresentar uma ética válida para a civilização tecnológica. Segundo Jonas, a situação do homem e o contexto de qualquer propósito ético estariam hoje fundamentalmente mudados; uma ética tradicional não estaria mais à sua altura. A técnica moderna introduziu novos objetos e processos, com conseqüências até então desconhecidas, na sociedade humana, de uma maneira que exigiria uma adaptação da ética (e conseqüentemente da ação humana) aos desafios tecnológicos. A "ética do próximo" teria validez, ainda, nas "proximidades"; o futuro da humanidade no seu habitat planetário exigiria, todavia, uma "ética da responsabilidade".The nineteenth century took technology as a central element of historical progress, but the perspective occurred to change during the first decades of the twentieth century. The criticism of technology formulated between the two world wars period in the stream of culture criticism, emblematically in Spengler's work, does not confront ethics and technology. By that time of interludium bellicum (1918-1939), there was a comprehension of technology rid of any metaphysical and artistic dimension on the one hand, and, on the other hand, technology was recharged with a redeemer, utopian or heroic promise, despite totally absorbed by a materialistic conception of the world, conceived as a battle ground (Ernst Jünger). Martin Heidegger elaborated, at the end of the thirties and middle forties, in a getaway move from the intellectual scene, the basis for a repercussive philosophy of technology. One of his pupils, Hans Jonas, originally tries, but not rid of mistakes, to show us an ethics meant to be valid for a technological civilization. According to Jonas, the human situation and the context of any ethical purpose would be, nowadays, fundamentally changed; a traditional ethics is not up to the mark. The modern technology introduced new objects and processes with unknown consequences for the human society, in a way that would require an adaptation of ethics (and consequently of human action) to technological challenges. The "neighbor ethics" would be valid, though, in the "neighborhood"; but the future of humanity in its global habitat would claim an "ethics of responsibility".

Keywords