Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

AUTÓPSIA MINIMAMENTE INVASIVA: LIÇÕES A PARTIR UM CASO DE RAIVA HUMANA

  • Luís Arthur Brasil Gadelha Farias,
  • Deborah Nunes de Melo,
  • Ana Karine Borges Carneiro,
  • Kellyn Kessiene de Sousa Cavalcante,
  • Antônio Silva Lima Neto,
  • Tania Mara Silva Coelho,
  • Luciano Pamplona de Goes Cavalcanti,
  • Lauro Vieira Perdigão Neto

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103437

Abstract

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Introdução/objetivo: A Autópsia Minimamente Invasiva (AMI) é uma abordagem baseada em agulha destinada a coletar amostras dos principais órgãos e fluidos do cadáver. AMI é uma técnica validada como alternativa à autópsia convencional. O procedimento reduz acentuadamente a desfiguração do corpo em comparação com a autópsia completa, com maior aceitabilidade pelas famílias dos falecidos pacientes e maior rapidez para liberação do corpo. Ela já tem sido utilizada para a investigação post-mortem de várias doenças. Pela facilidade, tem sido considerada para casos ou situações que necessitem de celeridade. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência da aplicação da AMI em um caso de raiva humana (RH) e realizar uma revisão da literatura. Metodologia: Estudo retrospectivo e descrição de novo método diagnóstico para RH, em Fortaleza-CE, 2023. Resultados: Paciente masculino, 36 anos, procedente de Cariús-Ce (a 400km de Fortaleza), deu entrada na emergência com história de parestesia em membro superior direito, associado a quadro de agitação psicomotora, desorientação, espasmos musculares e diaforese. Segundo a família, sofreu mordedura por sagui no punho direito dois meses antes do atendimento e não realizou profilaxia antirrábica. O paciente foi transferido para Fortaleza-CE, e, no 6° dia de internamento, evoluiu para óbito. Mesmo sendo esclarecida sobre a importância da necropsia para o caso, a família recusou a retirada do cadáver para o Serviço de Verificação de Óbitos. No entanto, a família concordou que amostras de tecido fossem coletadas, desde que no próprio hospital. Foi enviada a equipe de AMI do SVO, sendo coletadas amostras do tecido encefálico e enviadas para o Laboratório Central de saúde pública (LACEN-Ce). As amostras foram submetidas à imunofluorescência direta (IFD) e resultaram positivas. Este resultado foi confirmado pela IFD da biópsia de nuca coletada antes do óbito. Conclusão: Aqui relatamos um caso de RH diagnosticado por AMI, uma estratégia extensamente investigada no diagnóstico de Covid-19 e arboviroses, na impossibilidade do método convencional. O procedimento reduz acentuadamente a desfiguração do corpo em comparação com a autópsia completa, que pode aumentar a aceitabilidade pelas famílias dos pacientes. No caso descrito, os métodos convencionais resultaram inicialmente negativos, mas AMI possibilitou a coleta de histopatológico em amostragem adequada para a realização de imunofluorescência e diagnóstico rápido e assertivo.

Keywords