Acta Médica Portuguesa (Apr 2016)

Punção Acidental da Dura e Cefaleia Pós-punção da Dura na População Obstétrica: Oito Anos de Experiência

  • Maria Vaz Antunes,
  • Adriano Moreira,
  • Catarina Sampaio,
  • Aida Faria

DOI
https://doi.org/10.20344/amp.6815
Journal volume & issue
Vol. 29, no. 4

Abstract

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Introdução: A punção acidental da dura é uma importante complicação da anestesia regional e a cefaleia pós-punção continua a ser causa de morbilidade na população obstétrica. O objetivo do nosso estudo foi calcular a incidência de punção acidental e cefaleia pós-punção no nosso Centro Hospitalar e avaliar a sua abordagem entre os anestesiologistas obstétricos. Material e Métodos: Realizámos uma auditoria retrospetiva, entre janeiro de 2007 e dezembro de 2014. Revimos as folhas de registo das doentes em que ocorreu punção inadvertida da dura ou cefaleia pós-punção. Excluímos as doentes submetidas a bloqueio subaracnoideu. Utilizámos o SPSS 22.0 no tratamento estatístico dos dados. Resultados: Obtivémos 18 497 bloqueios neuro-axiais e 58 punções acidentais da dura (0,3%). Após punção detetada, em 71,4% o cateter epidural foi re-posicionado e 21,4% tiveram cateteres intra-tecais. Quarenta e cinco (77,6%) desenvolveram cefaleia e a instituição de medidas profiláticas ocorreu em 76,1%. O tratamento conservador foi efetuado em todas as doentes. O blood patch epidural foi realizado em 32,8% com um sucesso de 84,2%. Discussão: A incidência de cefaleia pós-punção não está relacionada com o tipo de parto ou a inserção do cateter intra-tecal. A re-colocação do cateter epidural mantém-se a abordagem de eleição após punção. A instituição de medidas profiláticas é uma prática comum, apesar do baixo grau de eficácia. Realizámos blood patch epidural após falência do tratamento conservador. Conclusão: A incidência de punção inadvertida e cefaleia pós-punção foi semelhante à da literatura. Apesar de ser uma complicação comum, existe falta de consenso na sua abordagem.

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